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Após por pessoas em risco, justiça proíbe “coach” de fazer atividades na natureza

A decisão judicial determina que Pablo Marçal, que protagonizou episódio de resgate no pico do Marins, não poderá fazer qualquer atividade na natureza sem autorização prévia

Duda Menegassi ·
17 de janeiro de 2022 · 2 anos atrás

Decisão judicial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou que o coach Pablo Marçal está proibido de fazer qualquer atividade na natureza, como coach ou em programas motivacionais, sem autorização prévia e expressa por parte da Polícia Militar, prefeitura e Defesa Civil da localidade. No começo de janeiro, Marçal levou um grupo de 67 pessoas para subir o Pico dos Marins, como uma jornada para o “desenvolvimento pessoal”. A subida, considerada difícil, foi inviabilizada pelo mau tempo, mas Marçal insistiu, enquanto documentava tudo para seus seguidores nas redes sociais. Do grupo original, mais da metade desistiu diante da tempestade e dos riscos. Os 32 que subiram ao cume precisaram ser resgatados de madrugada pelo Corpo de Bombeiros para evitar uma tragédia. Na ação, os bombeiros classificaram a conduta do coach como irresponsável.

A medida cautelar  foi determinada pela juíza Rafaela Assumpção Cardoso Glioche após pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo, apresentado em inquérito policial pelo promotor de Justiça Raphael Barbosa Braga. A defesa do coach pode recorrer.

Pablo Marçal é alvo de inquérito que apura tentativa de homicídio, considerando que os participantes do evento poderiam ter morrido de hipotermia, já que, segundo autoridade policial, entre os presentes, muitos não estavam com equipamentos nem vestimentas adequadas para a trilha. O guia que acompanharia o grupo chegou a avisar que o trajeto não deveria ser realizado naquelas condições.

O Pico dos Marins está localizado na Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra da Mantiqueira, unidade de conservação federal, mas o acesso à trilha que leva ao cume não é controlado. 

“Foi um ato de irresponsabilidade total e desrespeito tão grande que deveria ter uma enxurrada de notificações de outros montanhistas contra a conduta deste autointitulado coach porque isso foi uma ofensa gigante não somente para a natureza do lugar, mas para todo mundo que pratica o esporte ou vive do esporte de montanha, como outros guias”, avalia Luciano Fernandes, editor do Blog de Escalada e montanhista há mais de 20 anos, que entrou em contato com Ministério Público Federal para denunciar a conduta de Pablo Marçal.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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Comentários 2

  1. erasmo baltazar da siilva diz:

    particulamente nunca fui iludido pelas baboseiras ditas por ele no you tube


  2. Cássio Garcez diz:

    Além de todos os absurdos da situação, a mesma ainda pode ser enquadrada como exercício ilegal da profissão de guia de turismo por esse sujeito. Cadê a secretaria de turismo de São Paulo que ainda não se manifestou a esse respeito?