Manaus, AM — Cortes de investimentos e a caça ilegal ameaçam o maior remanescente de Mata Atlântica, as Serras do Mar e do Paranapiacaba e o litoral paulista. São mais de 1 milhão de hectares, com pouco mais de 700 mil hectares legalmente protegidos, onde o impacto provocado por invasões de caçadores e palmiteiros tem aumentado, enquanto as ações para a proteção efetiva das áreas tem sido fragilizadas.
“Boa parte dos Parques Estaduais perdeu mais de 60% dos funcionários que faziam a proteção”, conta o biólogo Mauro Galetti, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “É só visitar qualquer Parque Estadual e você notará o abandono do Estado” completa. A situação é apresentada na revista científica Animal Conservation, em um artigo publicado por pesquisadores do Laboratório de Biologia da Conservação (LaBiC), da UNESP em Rio Claro (SP).
Alunos da graduação e pós-graduação, além de professores da Unesp percorreram 4 mil quilômetros de floresta. Eles verificaram que a densidade populacional das 44 espécies de mamíferos registrados está em níveis críticos, ou seja, existem pouquíssimos indivíduos. Foram mais de 5 anos de estudos de campo para realizar o maior levantamento já realizado da fauna da Mata Atlântica, afirmam os autores do estudo.
A Serra do Mar é a única área da Mata Atlântica, segundo os pesquisadores, grande o suficiente para conservar mamíferos como queixadas, onças e muriquis. “Apesar de protegida por Parques Estaduais e Estações Ecológicas, vem sofrendo com cortes e financiamentos nos últimos anos com a ausência de proteção, isso poderá definir o futuro dos mamíferos na Mata Atlântica” afirma o ecólogo Ricardo Bovendorp, também professor da Unesp. “Encontramos muitos vestígios de caçadores em todos os Parques Estaduais que estudamos”, completa.
De acordo com ele, a biomassa de mamíferos é reduzida em até 98% em locais onde a caça é frequente. As maiores áreas são justamente as mais afetadas pela caça. Os pesquisadores explicam que elas são permeadas por estradas, que facilitam o acesso de invasores e onde a falta de guarda-parques é mais sentida. A extração ilegal do palmito-juçara tem um duplo efeito danoso para a fauna. Além de retirar um recurso importante para os animais, os coletores adentram quilômetros na mata, impossibilitando que os bichos tenham refúgios onde poderiam recuperar suas populações, afirmam os autores do estudo.
Grandes mamíferos herbívoros ou frugívoros, que têm importantes papéis no ecossistema, são os mais afetados pela caça, segundo os pesquisadores. “A anta é o maior herbívoro neotropical e tem papel fundamental na dispersão a longa distância de grandes sementes, assim como o Muriqui, que é responsável pela dispersão de cerca de 50% das sementes das florestas neotropicais, sendo a maioria delas grandes sementes”, conta a ecóloga da Unesp Gabrielle Beca.
Queixadas também estão entre as espécies criticamente ameaçadas devido à forte pressão de caça. A espécie representa a maior biomassa de vertebrados em florestas da América Latina e têm um papel importante no ecossistema, revirando o solo das florestas e alterando a composição e regeneração de espécies vegetais, contam os pesquisadores.
Para os pesquisadores, é urgente melhorar a fiscalização e repressão a crimes ambientais nos remanescentes de Mata Atlântica, mas isso não basta. É preciso também combater o mercado ilegal de palmito e promover ações educativas e sociais nos entornos das Unidades de Conservação e remanescentes de floresta.
Restam apenas 12% da cobertura vegetal de toda a Mata Atlântica, onde existem 960 Unidades de Conservação, segundo dados da SOS Mata Atlântica citados pelos pesquisadores. “Além da baixa representatividade, essas Unidades de Conservação vêm sofrendo com cortes e financiamentos nos últimos anos com a ausência de proteção”, afirma Ricardo Bovendorp.
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Na Mata Atlântica, no Cerrado, na Caatinga, na Amazônia, em todos os lugares.
Certo Fabio, NINGUEM nem aí.
Estive de férias em Parati e a caça lá rola solta, muitas jaguatiricas são mortas segundo relatos dos donos da pousada onde me hospedei ninguém está nem aí.
Olá Carlos, segue o link da revista, do ResearchGate e do Laboratório. Espero que goste e que seja útil. Um abraço.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/acv.12…
https://www.researchgate.net/publication/30920074…
http://labic.eco.br
Caros, segue o link para os interessados em lerem o artigo na íntegra. Reconheço e agradeço a atenção nesta temática tão antiga, no entanto mais atual do que nunca. https://www.researchgate.net/publication/30920074…
Um abraço
Talvez as ações voltadas para a fiscalização e repressão a crimes ambientais estejam um pouco fora de foco.
Não sei se é por falta de recursos, má gestão ou inépcia dos órgãos responsáveis, mas a única ação concreta que tenho observado em algumas regiões da Serra do Mar, é uma já conhecida limitação imposta ao ecoturismo. Alguns gestores de áreas protegidas parecem estar mais preocupados em reprimir ecoturistas e proibir o acesso às trilhas historicamente utilizadas para este tipo de atividade, ao invés de coibir as ações de caçadores, palmiteiros e, porque não, agricultores e pecuaristas com tendências incendiárias. Diversos blogs na Internet também foram obrigados pelo poder público a retirar os relatos de caminhadas realizadas nessa região, sob o pretexto de não incentivar novas visitas.
Entendo que exista uma preocupação em relação à segurança e aos impactos negativos que esse crescente público possa causar à região, uma vez que nem todo ecoturista é consciente de seus direitos e deveres no ambiente natural. Mas certamente esse impacto é insignificante perto daquele ocasionado pelos verdadeiros infratores, que perambulam livremente por nossas matas, conforme descrito no artigo acima. Será que ainda não ficou claro para estes gestores que o ecoturista bem educado pode ser um grande aliado na proteção de nossas áreas “protegidas”?
Imaginem agora com o PEC 241, o que vai acontecer!
Não existe almoço grátis, colega esquerdista.
Bom dia Mingo. Funções sociais de uso tem aos montes.
Por que não fornecer o link para o artigo original?
O absurdo é ver antropólogos, sociólogos e similares, com apoio da Defensoria Pública (!!!!!!) defendendo o """direito"""" de populações tradicionais (que no Brasil significa qualquer população rural) de caçar e comer espécies até sua extinção.
Testemunhei isso em uma audiência pública em Paranaguá envolvendo a comunidade do Superagui e sei que o mesmo ocorreu em outras reuniões do tipo.
Não sei o que esse pessoal andou ingerindo, mas no século 21 e com a Mata Atlântica na situação que está esta ideia é equivalente a defender o resgate da tradição das festas antropofágicas dos tupinambá.
É Fábio! Difícil tá alguém enxergar isso, por mais estudos que comprovem que estes usos também são impactantes!!! E levam espécies a extinções locais e depois…
como falo se não dermos uma função social a biodiversidade ela não se sustenta isto acontece em todo mundo, só se recupera qdo tem investimento e interesses comuns, o estado não deve e não pode financiar, temos sim que fazer a pesquisas, preservação, recuperação, e fiscalização com o manejo sustentável, como turismo, pesca, caça, artesanato, coleta, etc. só assim teremos recursos p/ o equilibrio homem natureza o resto é perda de tempo útil a vida natural.
Ixi…falou a palavra "maldita": caça! Daqui a pouco sofrerás Cyber-Eco-Bullying…
Mas sem a caça controlada não se conserva grandes mamíferos nem habitats importantes ! Vejam os exemplos mundiais , onde se proibiu a caça amadora as espécies estão sendo extintas devido à caça furtiva ! Só o caçador amador se importa verdadeiramente com as espécies cinegéticas e com a conservação dos ecossistemas !
Já andei muito na Mata Atlantica. Já topei com caçadores, palmiteiros, posseiros (caçando e cortando árvores, claro), e muito pouca fauna maior que um passarinho – quase sempre fugindo aterrorizada. Mas o que NUNCA encontrei foi fiscalização. Essa espécie só fica na sede, ou de preferência na cidade mesmo, lamentando a falta de diárias ou o que seja para trabalhar. O salário pago com nossos impostos aparentemente só é suficiente para o cara ficar sentado num gabinete, não para levantar e sair em patrulha.
Isso não tem nada a ver com a crise atual. É assim desde sempre. Era assim quando havia dinheiro, e continua assim agora. O que falta não é recursos. É vontade de trabalhar.
A questão da caça no Brasil é vergonhosa. De um lado alimentada pela falta de fiscalização e, de outro, pela inferência de que populações que vivem próximas de áreas naturais dependem desse tipo de atividade para sobreviver. A famosa caça de subsistência não tem mais espaço de defesa na Mata Atlântica nem em boa parte do território nacional, incluindo a própria Amazônia. Subterfúgios continuam sendo a prática de políticas públicas que manipulam a condição de efetividade de órgãos ambientais para que não seja possível uma ação de controle mínimo sobre o nosso patrimônio natural. Uma conivência com ações criminosas e que atacam de frente a condição de proteger a biodiversidade. Sem mudanças radicais que transformem as posturas demagógicas dos governos e de boa parte da sociedade em relação à proteção da natureza, passaremos os próximos anos apenas amargando uma contínua e premeditada ação de degradação das últimas áreas naturais que ainda remanescem na Mata Atlântica e em outros biomas brasileiros.
Talvez a fiscalização e a repressão a crimes ambientais estejam um pouco fora de foco.
Não sei se é por falta de recursos, má gestão ou inépcia dos órgãos responsáveis, mas a única ação concreta que tenho observado em algumas regiões da Serra do Mar, é uma já conhecida limitação imposta ao ecoturismo. Alguns gestores de áreas protegidas parecem estar mais preocupados em reprimir ecoturistas e proibir o acesso às trilhas historicamente utilizadas para este tipo de atividade, ao invés de coibir as ações de caçadores, palmiteiros e, porque não, agricultores e pecuaristas com tendências incendiárias. Diversos blogs na Internet também foram obrigados pelo poder público a retirar os relatos de caminhadas realizadas nessa região, sob o pretexto de não incentivar novas visitas.
Entendo que exista uma preocupação em relação à segurança e aos impactos negativos que esse crescente público possa causar à região, uma vez que nem todo ecoturista é consciente de seus direitos e deveres no ambiente natural. Mas certamente esse impacto é insignificante perto daquele ocasionado pelos verdadeiros infratores, que perambulam livremente por nossas matas, conforme descrito no artigo acima. Será que ainda não ficou claro para estes gestores que o ecoturista bem educado pode ser um grande aliado na proteção de nossas áreas “protegidas”?
Paulo, o telefone da Delegacia Ambiental da Polícia Federal em Santa Catarina é (48) 3281-6405 . Por favor, se possível, repasse as suas denúncias para eles.
Repito estes fatos acontecem AGORA, aqui em SANTA CATARINA.
Concordo integralmente com a reportagem.
Basta andar no PNSi e demais unidades de conservação federais e estaduais para comprovar a sindrome das florestas vazias.
O Ibama, Icmbio, Fatma precisam AGIR, sair dos escritórios com ar refrigerado, sair das camionetes 4×4 e colocar o "pé" na lama.
Dinheiro tem, Basta ver as arrecadações dos licenciamentos ambientais, são milhões e milhões.
Heim? Onde é assim? Só se for em Brasília! Cadê a estrutura, a gasolina etc pra tudo isso? Já fazemos tudo na marra, sem condições!!!! Com certeza vc não tem noção de como são as condições de trabalho nestes órgãos e nem o orçamento destinado a nós!
Esse coitadismo de quem trabalha em UC sempre criticando quem trabalha na sede já deu. Típico de ambientalista tupiniquim.
Zé Mané se informe melhor antes de comentar, não é coitadismo, as condições de trabalho nas UCs federais são de fato horrorosas.
A resposta e a solução a tudo isso esta aqui -> http://www.oeco.org.br/colunas/marc-dourojeanni/p…
Escritório com ar refrigerado? Camionete 4×4? Dinheiro? Milhões e milhões? A democracia dando voz a idiotas. De novo. Trump president. Bolsonaro 2018!
o que que tem haver com a caça ilegal pessoinha