A Administração Oceânica e Atmosférica americana (NOAA) atualizou suas previsões, indicando ser de 90% a chance de o fenômeno El Niño ocorrer com intensidade no segundo semestre de 2023.
Para a Amazônia, isso pode significar uma temporada intensa de incêndios, com cenários devastadores, alertam cientistas.
O El Niño é um fenômeno oceânico e atmosférico que ocorre simultaneamente e de forma interdependente.
No Brasil, o El Niño é responsável pela alta precipitação no sul e aumento da severidade da estiagem no norte. No Sudeste e Centro Sul, o fenômeno se manifesta com menor intensidade, mas já é esperado que o inverno seja mais quente nessas regiões.
No El Niño, a Amazônia se torna ainda mais quente e seca do que ela já está por causa das mudanças climáticas. O El Niño tem um efeito mais forte, porque está agindo em cima de uma floresta que já está modificada em termos de clima. Além disso, é um ano que a gente sabe que está com muito desmatamento, muita derrubada que não foi queimada, o que significa que vai ter muita fonte de ignição, muito fogo de desmatamento que pode escapar para dentro das florestas
Erika Berenguer pesquisadora das Universidades de Oxford e Lancaster (Reino Unido)
A soma entre mudanças climáticas, El Niño e grande quantidade de matéria orgânica no chão da floresta tem como resultado uma Amazônia altamente inflamável.
Quando secas severas atingiram a Amazônia devido o El Niño, cerca de 2,5 bilhões de árvores e cipós morreram devido à falta de umidade e incêndios, em uma área que representa apenas 1,2% de toda florestal tropical brasileira.
Esse cenário pode ser ainda pior. Um estudo publicado no final de abril na revista Nature mostrou que as árvores da região Sul da floresta estão mais propensas a morrer com as mudanças no clima e nos padrões de chuva.
Reportagem Cristiane Prizibisczki
Fotos: André Dib (WWF Brasil), Christoffer Engström, Mauro Pimentel (AFP), NASA/JPL-Caltech, NOAA, Raphael Alves (AFP), Vânia Pivello (IB-USP)
Edição Marcio Isensee e Sá