O show do avestruz, o dançarino do deserto, desapareceu no Chade por cerca de três décadas. Graças à iniciativa de reintrodução do avestruz-norte-africano, voltou a acontecer.
O Chade é um país africano com um território que se estende por pouco mais de 1,2 milhão de km² – o equivalente a cerca de duas vezes o estado de MG – e aproximadamente um terço dele é coberto pelas areias do Deserto do Saara.
O avestruz-norte-africano (Struthio camelus camelus) foi dizimado regionalmente em diferentes locais devido à caça, conflitos armados e abate para obter suas penas.
“A espécie sobrevive até hoje, mas em pequenos fragmentos. E quando você encontra eles, são poucos indivíduos cuja sobrevivência no longo prazo é incerta. Tanto por causa do baixo número de indivíduos, quanto porque não estão em áreas protegidas. O maior santuário dessa subespécie hoje é o Parque Nacional Zakouma, no sul do Chade”, conta a gerente regional de conservação da African Parks, Elsa Bussiere.
Em Zakouma, o projeto buscou os animais para reintrodução. O trabalho concentrou-se nos filhotes, por serem mais fáceis de manejar. Para acelerar a recuperação das aves na reserva, o projeto conta com um centro de reprodução.
Uma pesquisa realizada com a população mostrou que 95% dos moradores apoiavam o retorno do avestruz à região. O principal motivo era a crença popular de que onde há vida selvagem, há chuva. E, se chove, o pasto cresce e favorece o rebanho.
Uma forma de aumentar a sensibilização da população sobre a ave foi trazê-los para trabalhar no projeto. Cerca de 70 pessoas atuam para a African Parks na Reserva Ennedi, sendo a maioria moradores da região.