A vez dos híbridos

A DaimlerChrysler – para quem não sabe, é ela que fabrica, entre outros carros, as Mercedes Benz – anunciou ontem que está se juntando à General Motors para desenvolver em conjunto tecnologia de motores híbridos, movidos a combustível e energia elétrica. Isso quer dizer muita coisa. Os carros híbridos lançados no mercado americano, o Escape da Ford e o Prius da Toyota, são um sucesso mas ainda são coisa de nicho. Serviram, entretanto, para mostrar que existe um mercado maior do que se imaginava para este tipo de carro. Além disso, a Receita Federal americana soltou portaria ontem, segundo o The Washington Post, determinando que carros que funcionam com combustíveis limpos dão aos seus proprietários direito a descontos na declaração de renda. Vários estados também estão dando desconto em impostos aos donos de híbridos.O que tudo isso junto significa é que as montadoras descobriram que há uma racionalidade econômica por detrás desse tipo de veículo. Provavelmente, breve ele virará o padrão da indústria.

Por Manoel Francisco Brito
15 de dezembro de 2004

Por encomenda

O The Washington Post registra em reportagem algo que há tempos já se previa iria acontecer. As técnicas desenvolvidas para ajudar casais com dificuldades de ter filhos estão sendo usadas agora para “modelar” crianças para pais que nunca tiveram problema nenhum em fazê-las.Por enquanto, essa modelagem está restrita ao sexo. Há quem ache que a prática deveria ser proibida.

Por Manoel Francisco Brito
15 de dezembro de 2004

Falcões fora de perigo

Há 11 anos, um casal de falcões de cauda vermelha construiu um ninho na fachada de um prédio de apartamentos na 5ª avenida, em Nova Iorque – endereço de ricos e famosos como a atriz Mary Tyler Moore. Faz uma semana, sem qualquer explicação, foram “despejados“ pela administração do prédio. Só então o zelador e os moradores perceberam a encrenca em que tinham se metido. A legião de fãs – entre eles a poderosíssima Ong The Audubon Society – que o casal de aves amealhou ao longo do tempo em que ocupou um dos locais mais privilegiados de Manhattan foi para a porta do prédio protestar contra a sua expulsão. O condomínio viu-se obrigado a se sentar com comissão de manifestantes para negociar uma saída para o impasse. Ontem, anunciou que vai ajudar os falcões a reconstruir o ninho que foi destruído. Promete que será ainda mais seguro do que o velho, diz o The New York Times (gratuito, pede cadastro). Vai ter estrutura de aço para “ancorar” a nova morada, que será erigida no mesmo local da antiga. Só falta acharem o casal de falcões para informá-los que a disputa foi resolvida.

Por Manoel Francisco Brito
15 de dezembro de 2004

O preço da água

Briga grande entre a agroindústria americana e os ambientalistas da Califórnia. Os contratos de milhares de fazendeiros do estado, um dos mais secos dos Estados Unidos, com a Autoridade do Vale Central, órgão federal que administra a distribuição de 20% da água na região, estão vencendo e precisam ser renovados. Os ambientalistas querem que o governo cobre mais claro ou que deixe claro que o contribuinte americano a décadas vem subsidiando de maneira escandalosa os agricultores californianos. Segundo o The New York Times (gratuito, pede cadastro), só no ano passado, o benefício custou ao Tesouro americano 416 milhões de dólares.

Por Manoel Francisco Brito
15 de dezembro de 2004

Álcool ameaça tartarugas

O Guardian diz que a legião de turistas ingleses que todo o ano vai a Zakhyntos, ilha grega no Mediterrâneo, está ameaçando a reprodução de tartaruga marinha que usa as praias do local para desovar. Novamente, a paixão inglesa pelo álcool parece ser a fonte do problema. Quando bebem em excesso, os ingleses acabam terminando sua noitada no mar, hora em que as tartarugas preferem fazer a desova. A barulheira provocada pelos turistas afasta os bichos da areia, e eles acabam colocando seus ovos em pleno mar, onde não há meios de serem chocados. Mesmo os filhotes de ovos que foram colocados na areia têm problemas de sobrevivência. A luz dos luminosos de bares e restaurantes os atrai, levando-os para longe do mar, único local onde eles têm chance de sobrevivência.

Por Manoel Francisco Brito
15 de dezembro de 2004

Gelo ameaça pingüins

Também no Guardian outra história de ameaça à vida marinha. A causa agora é o gelo, ou melhor, um imenso iceberg de quase 2 mil quilômetros quadrados, que se descolou há 4 anos da massa continental da Artártica e, por um desses azares da natureza, parou esse ano em posição que bloqueia o acesso de mais de 50 mil pingüins ao mar aberto. O destino dos pinguins, por enquanto, é morrer de fome.

Por Manoel Francisco Brito
15 de dezembro de 2004

Novo Parque

O Ibama anunciou a intenção de criar o Parque Nacional de Juruena, segundo maior do país. A nova unidade de conservação deve ocupar uma área de 3 milhões de hectares, entre os estados do Mato Grosso e do Amazonas. A região faz parte do "arco do desmatamento" e abriga, além da Floresta Amazônica, áreas alagadas e de Cerrado. Na quarta-feira, 15 de dezembro, às 15:30, o gerente-executivo do Ibama local, Hugo José Scheuer Werle, concede uma entrevista coletiva para explicar o plano de criação do Parque. A primeira consulta pública já está marcada: acontece no próximo dia 28, no município de Apiacás (MT). O Parque Nacional de Juruena só perderá, em área, para o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá, que tem 3,8 milhões de hectares.

Por Lorenzo Aldé
14 de dezembro de 2004

Gargalo

Não fosse por uma breve menção do ministro Roberto Rodrigues, o meio ambiente teria sido solenemente ignorado durante um dia inteiro de debates no seminário "Desenvolvimento do Setor Agropecuário e Inclusão Social", realizado nesta terça-feira na Câmara dos Deputados. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento abriu o evento e durante quase duas horas exaltou a posição do Brasil no mercado agrícola internacional e disse esperar uma safra recorde de 130 milhões de toneladas de grãos para o próximo ano. Lá pelas tantas, enumerou "os sete gargalos" que dificultam o escoamento da produção agrícola nacional. O sétimo era a legislação ambiental, que segundo ele "deve ser revista no Brasil". Principalmente "na lentidão relacionada a obras como hidrovias". E ficou por isso mesmo.

Por Matheus Leitão Lorenzo Aldé
14 de dezembro de 2004

Passivo ambiental

Mais da metade dos 2600 postos que funcionam no Rio de Janeiro não têm licença ambiental. Outro terço já pediu a licença aos órgãos competentes, mas ainda não conseguiu a papelada. Resultado, segundo O Globo (gratuito, pede cadastro), é que pelo menos 90% dos postos da cidade não deveriam estar funcionando. A falta do papel, em grande parte, deve-se a decisão de donos de postos de não fazerem as obras necessárias para adaptar seus postos ao que exige a atual regulamentação. Sai caro e como não há fiscalização, preferem continuar irregulares. É mais barato.

Por Carolina Elia
14 de dezembro de 2004

Historinha

O Ibama acusa a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) de ter burlado a lei para iniciar a construção da uma mina de urânio no Ceará. A Folha de São Paulo (só para assinantes) conta que a estatal pediu a licença da obra para a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), que não tem poder para autorizar atividades com materiais radioativos. A INB disse que procurou o órgão estadual porque o seu principal objetivo é explorar fosfato em vez de urânio, mas o Ibama considerou a justificativa uma desculpa esfarrapada.

Por Carolina Elia
14 de dezembro de 2004