Pólo quente

Águas congeladas e terras cobertas de neve tornam-se cada vez menos freqüentes no Pólo Norte. As transformações climáticas afetam o comportamento e a saúde dos animais. Cientistas canadenses pediram que 30 caçadores esquimós contassem as estranhas mudanças que estão observando, nos últimos anos, na vida selvagem do ártico. Os ursos polares estão mais magros, pois seu período de caça diminuiu devido ao derretimento das camadas de gelo. Salmões estão aparecendo feridos, provavelmente pelo contato com pedras que emergiram com a descida das águas, sempre mais quentes. Cavalos marinhos mudaram sua rota migratória em busca de temperaturas mais amenas. A urbanização também contribuiu para as alterações no meio ambiente: o barulho dos barcos afugentou as baleias brancas e os alces parecem estar ficando surdos, pois não reagem mais às máquinas que passam próximas. O mercúrio e outros produtos químicos, atirados nas águas pelas indústrias ao sul, envenenam os animais e, por tabela, os humanos que os ingerem. Altos níveis de contaminação foram encontrados no leite materno esquimó. É o que conta o The New York Times (gratuito, pede cadastro), reproduzindo matéria do jornal local, Pangnirtung Journal. Leitura rápida.

Por Lorenzo Aldé
6 de setembro de 2004

Ruim pra cachorro

A FDA, órgão responsável pela regulamentação de drogas e alimentos nos Estados Unidos, mandou retirar das farmácias um remédio específicamente criado para combater o verme de coração, mal que aflige milhões de cães no país. A decisão veio depois que a FDA, que liberou a venda do medicamento, o Proheart6, em julho, recebeu mais de 5 mil relatórios indicando que ele estava provocando reações adversas em cachorros, levando inclusive alguns deles à morte. O remédio, informa o The New York Times (gratuito, pede cadastro), é fabricado por uma subsidiária da gigante farmacêutica Wyeth que só faz drogas para animais.

Por Manoel Francisco Brito
6 de setembro de 2004

Nova ameaça a um velho rio

Reportagem no The Washington Post (gratuito, pede cadastro) diz que os eleitores de Montana, estado no norte dos Estados Unidos, vão às urnas em novembro para decidir se será derrubada restrição imposta há seis anos, também pelo voto popular, a qualquer atividade de mineração na região do rio Blackfoot. A iniciativa do novo plebiscito está sendo financiada por uma mineradora do Colorado, que pretende extrair ouro no local utilizando cianeto de potássio. O departamento do Meio Ambiente de Montana afirma que o método poluiu vários rios do estado. O Blackfoot é um dos poucos que nunca foi afetado. Em 1992, foi a principal estrela de um filme, A river runs through it, com Robert Redford.

Por Manoel Francisco Brito
6 de setembro de 2004

Desperdício

O morador do Corte do Cantagalo – na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro – que acordou cedo no domingo achou que tinha caído um dilúvio sobre a cidade de madrugada. A avenida Epitácio Pessoa estava inundada em dois trechos, dando passagem a apenas um carro. Não era culpa da natureza. Apenas a consequência de mais um dos habituais estouros na tubulação da Cedae, a estatal que cuida da água e do esgoto. O desperdício continuou tarde adentro, enquanto uma equipe lutava para conter o vazamento.

Por Redação ((o))eco
5 de setembro de 2004

Coisa de pobre

Para dar emprego e ganhar votos, políticos não medem os danos ambientais que podem causar à qualidade de vida de seus eleitores. Eles também, em troca da promessa de desenvolvimento, acabam se sujeitando à poluição e se habituando completamente a ela. Pesquisadores da UFRJ fizeram um mapa da poluição ambiental no Estado do Rio de Janeiro, indicando lugares onde sucessivos governos deixaram indústrias com processos ambientalmente incorretos se instalarem ou despejarem dejetos. Neles, só moram pobres.

Por Manoel Francisco Brito
5 de setembro de 2004

Menos força

Foi horrível, mas não tanto quanto se esperava. Ao longo da madrugada de domingo, 5 de setembro, o Frances perdeu um bocado de sua força. Segundo o Miami Herald (gratuito), a ordem de evacuação para boa parte da região de Miami foi suspensa por volta das 10 horas da manhã, hora local. Antes do meio-dia, o alerta anti-furacão foi rebaixado a alerta anti-inundação. Ainda assim, o Frances deixou um monte de prejuízos no seu rastro e mais de 2 milhões de pessoas sem luz.

Por Manoel Francisco Brito
5 de setembro de 2004

Abrigo de rico

O Miami Herald (gratuito) tem reportagem mostrando que os ricos e famosos, mesmo em tempos de catástrofes naturais, têm totais condições de procurar abrigos onde conseguem manter o luxo e o estilo. Os endinheirados de Miami que foram forçados a deixar seus apartamentos à beira-mar por conta da força do furacão Frances acabaram buscando proteção no Biltmore, o hotel “mil” estrelas da cidade. Enquanto lá fora a chuva inundava ruas e os ventos derrubavam árvores e rede elétrica, eles esperavam a tormenta passar comendo lagosta e foie-gras. Desfrutaram também de um dos maiores luxos que a cidade pode oferecer nessas ocasiões. Luz elétrica. O Biltmore tem um gerador para garantir que seus hóspedes não fiquem às escuras quando um furacão aporta em Miami. Teve gente que pagou 3 mil dólares pela diária.

Por Manoel Francisco Brito
5 de setembro de 2004

Al-Qaeda dos animais

O movimento em favor dos direitos dos animais na Inglaterra tem um ramo que sem dúvida opera sob a inspiração de Osama Bin Laden. Só este ano eles já ameaçaram de morte cientistas que fazem experiências em animais, destruíram um laboratório na Universidade de Oxford desenhado especificamente para este tipo de pesquisa e atacaram escritórios de empreiteiras que participaram de sua construção. Agora, conta o The Observer (gratuito), planejam fazer uma média de 10 ataques por noite contra circos, zoológicos e laboratórios de vivisecção. O repórter do jornal teve acesso a um campo clandestino de treinamento de terroristas animais na Inglaterra. Lá, ouviu a liderança do grupo, que se intitula Front de Libertação dos Animais, convocar a militância para aumentar as ações de terror.

Por Manoel Francisco Brito
5 de setembro de 2004

Lento e brutal

O Frances chegou à costa da Flórida na hora prevista, madrugada de sábado, e da pior maneira possível, conta reportagem do The Miami Herald (gratuito). Lento e brutal. Os meteorologistas dizem que o furacão vai demorar a deixar a região e que portanto seus habitantes devem se preparar para pelo menos outras 24 horas de horror no domingo. No início da noite de sábado, seus efeitos já tinham atingido níveis terríveis. Além de obrigar a evacuação de 3 milhões de pessoas, deixou 1 milhão delas sem luz, derrubou árvores, casas, afundou barcos e praticamente interrompeu todo o tráfego aéreo na Flórida. O olho do furacão deve bater em terra na manhã de domingo. Cinco minutos de leitura.

Por Manoel Francisco Brito
5 de setembro de 2004

Ciclo de destruição

Para quem se interessa por detalhes meteorológicos, o The New York Times (gratuito, pede cadastro) tem uma ótima reportagem explicando o que anda acontecendo com o clima na região do Caribe e por que, nos últimos anos, ela foi assolada por tantos furacões. Em 1995 encerrou-se um ciclo de 3 décadas de ventos relativamente calmos na área. A partir de então, o número de furacões violentos cresceu em média quase 3 vezes a cada ano. E as perspectivas são que, no futuro imediato, esse número deve aumentar consideravelmente. A causa é o aquecimento das águas no Atlântico Norte, que reduziu a instabilidade dos ventos no Equador – um dos fatores que contribuem para impedir a formação de furacões. Com ventos estáveis, eles se formam sem qualquer tipo de impedimento natural e acabam ganhando intensidade incomum. Não se deve cair na tentação de atribuir o que está acontecendo atualmente no Caribe às conseqüências do efeito estufa. Segundo os cientistas, a mudança faz parte de um ciclo natural de oscilação de temperatura da água nas regiões mais frias do norte do planeta que em geral dura 40 anos. O Caribe está vivendo a mesma experiência que passou entre os anos de 1925 e 1960, quando ventos com a violência dos que formaram o Frances eram bastante comuns. A diferença agora é que eles estão chegando a áreas muito mais densamente populadas e devastadas pela mão do homem. Isso as torna bem mais vulneráveis à ação dos ventos.

Por Manoel Francisco Brito
5 de setembro de 2004