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Breve histórico da busca pelo Rabo de Fogo

Uma expedição a Amazônia meridional em busca de uma nova espécie leva anos de planejamentos e deverá trazer benefícios extras à ciência.

Adriano Gambarini ·
18 de novembro de 2013 · 10 anos atrás

Engana-se quem pensa que a busca pelo Zogue-Zogue Rabo de Fogo é uma iniciativa fácil, rápida ou simples; ou que foi uma empreitada concebida nos últimos meses.

Na verdade, trata-se de um trabalho de anos, que tem por objetivo não só recolher mais informações sobre a existência de uma nova espécie de primata no interflúvio entre os rios Roosevelt e Aripuanã – mas também garantir informações científicas novas e consistentes sobre a região da Amazônia Meridional.

Geralmente, expedições deste tipo, que vão aos cantos mais remotos da Amazônia, demandam um planejamento cuidadoso. É importante que determinadas áreas de importância ecológica diferenciada sejam visitadas; mas é preciso também ter atenção e não colocar a integridade física dos expedicionários em perigo.

A busca pelo Rabo de Fogo teve início em 2010, durante a Expedição Científica Guariba-Roosevelt. Esta empreitada, realizada pelo WWF-Brasil em conjunto com a empresa Mapsmut e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso (Sema-MT), teve como objetivo colher informações sobre quatro Unidades de Conservação do noroeste do Mato Grosso.

Na ocasião, o pesquisador Júlio Dalponte encontrou uma espécie diferente de macaco Zogue-Zogue que possuía cauda e rabo avermelhados – algo que ele não havia visto nos livros que vem lendo e consultando ao longo de sua carreira profissional. Durante esta expedição, foi possível fazer a coleta de um espécime do animal.

Com a suspeita de que se tratava de uma nova espécie, em 2011 o exemplar foi levado ao Museu Emílio Goeldi, em Belém (PA), onde foi tombado na coleção de mamíferos da instituição. Ali, ficou constatado que era, de fato, um animal que ainda não havia sido descrito pela ciência.

Nos últimos dois anos, Júlio e uma equipe de cientistas prosseguiu com os estudos. Eles chegaram a voltar à área e recolheram novos espécimes. Porém, para que a descrição científica pudesse estar completa, ainda seriam necessários mais dados sobre o local onde o Zogue Zogue vive e que ameaças ambientais ele enfrenta.

Porém, voltar ao interior da Amazônia Meridional – esta porção do bioma que se estende pelo Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia – é um trabalho caro e difícil, complicado de ser feito de forma solitária e autônoma.

Por isso, em 2013, o WWF-Brasil e seus parceiros resolveram promover uma expedição focada no Zogue-Zogue. Assim, além de concluir um trabalho que teve início há três anos, seria possível colher mais informações de campo sobre a flora e fauna da região e contribuir com a conservação da biodiversidade daquela área.

Vamos torcer para que voltem do campo com novas informações sobre o Zogue-Zogue Rabo de Fogo – e assim possam reforçar os argumentos em prol da conservação da Amazônia.

Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil
Foto: Adriano Gambarini / WWF Brasil

Você pode acompanhar a nossa localização através do mapa do trajeto da expedição:

*Atualizado em 04/11/2022: adaptação de fotos e artes as atualizações do wordpress

  • Adriano Gambarini

    É geólogo de formação, com especialização em Espeleologia. É fotografo profissional desde 92 e autor de 14 livros fotográfico...

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