DESASTRE

4 ANOS DE  BRUMADINHO

Em 25 de janeiro de 2019, uma onda de 12 milhões de m³ de rejeitos de mineração contaminou o rio Paraopeba, impactou 26 municípios, deixou 272 mortos, destruiu 297 hectares de Mata Atlântica em Minas Gerais.

Com quase meia década, o rompimento da Barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, o segundo maior desastre da mineração deste século, segue sem data para a conclusão da reparação ambiental e das vítimas.

As principais denúncias de especialistas e ambientalistas de Minas Gerais ouvidos pelo ((o))eco são a falta de transparência da Vale, empresa responsável pelas mortes e contaminação do meio ambiente.

Análises do Instituto Guaycui, uma assessoria técnica independente de apoio aos atingidos, as águas do rio Paraopeba estão inapropriadas para todos os usos (nadar, potável, irrigação e outros) entre o trecho que vai de Brumadinho até a Barragem de Retiro Baixo.

A fauna também está contaminada. Nove de cada 10 amostras de fígado de um total de 396 peixes analisados, nos municípios de Curvelo e Pompéu, apresentaram concentrações elevadas de poluentes como alumínio, bário, cádmio, chumbo, cobre e ferro. Das amostras de filé analisadas, 30% estavam contaminadas.

Análises independentes mostram que nas águas dos poços artesianos de Curvelo e Pompéu foram encontrados alumínio, manganês e nitrogênio acima dos níveis permitidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente.

A bacia do Paraopeba abastece 48 municípios e é uma dos mais relevantes a desaguar no rio São Francisco, um dos mais importantes cursos d’água do país. O Paraopeba é essencial para a gestão hídrica da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O Paraopeba também é a principal fonte de alimento e sobrevivência para os ribeirinhos e antes do rompimento da barragem mantinha uma rica biodiversidade que assegurava o equilíbrio ambiental da região.

Ambientalistas e políticos apontam que os gestores do estado pouco aprenderam com Brumadinho (e Mariana), e alertam para a possibilidade de novos desastres envolvendo a flexibilização da legislação em prol da mineração em território mineiro.

REPORTAGEM Adriana Amâncio FOTOGRAFIA Christian Braga/Greenpeace Douglas Magno/AFP Gil Sotero Eliana Marques Mauro Pimentel / AFP EDIÇÃO Milena Giacomini