Era julho do ano passado quando Samuel Portela voltava de mais uma das atividades realizadas pela Associação Caatinga no entorno da RPPN Serra das Almas, em Crateús (CE).
Com a estrada de chão que dá acesso à sede da reserva recém-reformada, uma formação não identificada no meio do caminho foi confundida com uma pedra à primeira vista.
Quando encurtou a distância, o biólogo percebeu que aquilo não era outra coisa se não um tatu-bola-da-Caatinga (Tolypeutes tricinctus), o menor e único tatu exclusivo do Brasil.
Em termos de conservação, essa é a espécie de tatu mais ameaçada do país. Segundo a última atualização da lista nacional de fauna ameaçada, o tatu-bola-da-Caatinga está ameaçado na categoria “Em Perigo”.
Mas regionalmente a situação pode ser pior. No Ceará, por exemplo, o Tolypeutes tricinctus foi listado como “Criticamente em Perigo” – última categoria antes de uma espécie ser considerada provavelmente extinta.
Infere-se que nos últimos anos a espécie tenha sofrido uma redução de pelo menos 50% em sua população, o que está diretamente relacionado a perda de habitat, sobretudo pelo desmatamento, mas também à caça.
“A espécie ocorre onde é mais ou menos parte daquela região do Matopiba. É quase que um arco de desmatamento do Cerrado”
Rodolfo Magalhães, biólogo que desde 2017 estuda a espécie em território baiano
Mas se de um lado estão as ameaças, por outro estão também iniciativas de conservação locais que buscam livrar o tatu-bola-da-Caatinga da extinção. Atividades desse tipo estão sendo executadas na Bahia, Ceará e Piauí.
Reportagem Michael Esquer
Fotos: Samuel Portela/Arquivo pessoal
Edição Daniele Bragança
Arte: Gabriela Güllich