Chegada da soja no Pantanal amplia pressões sob o bioma
Entidades civis, pesquisadores e monitoramento por satélites denunciam que a soja já ocupa centenas de hectares no pantanal do Mato Grosso do Sul.
Fontes ouvidas pela reportagem temem que novas tecnologias produtivas, mudanças ambientais e climáticas favoreçam o avanço das monoculturas no bioma. Isso afrontaria a legislação florestal e recomendações de experts em zonas úmidas.
As lavouras detectadas no início do ano em sobrevoos de ONGs e imagens de satélites estavam em Coxim, Aquidauana e Miranda, entre as porções alagável e alta da bacia pantaneira. Os plantios tinham ao menos 600 hectares.
O Pantanal é um dos biomas mais preservados do país, com cerca de 80% da vegetação nativa. Mas os alertas para desmate do MapBiomas mostram perdas de 29,5 mil ha de verde apenas entre maio de 2021 e o mesmo mês deste ano, sobretudo para a agropecuária.
“A chegada da soja é muito grave. Esses plantios alteram muito o uso do solo pantaneiro, enquanto que a pecuária sobre pastos naturais têm baixo impacto e não usa agrotóxicos”, destacou Débora Calheiros, cientista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e assessora do Ministério Público Federal.
REPORTAGEM Aldem Bourscheit FOTOGRAFIA Carl de Souza/AFP Mauro Pimentel/AFP EDIÇÃO Milena Giacomini