Os bugios-ruivos (Alouatta guariba) ocorrem da Bahia até o norte da Argentina, ao longo da Mata Atlântica. Essa ampla distribuição, entretanto, não impede que a espécie seja considerada um dos 25 primatas mais ameaçados do planeta.
O desmatamento, a perda e fragmentação das florestas, junto aos recentes surtos de febre amarela dizimaram as populações de bugios nos dois países. Na Argentina, entretanto, onde a espécie está restrita a província de Misiones, a situação é crítica.
As últimas estimativas apontam que existem menos de 50 bugios adultos nas florestas argentinas e é consenso entre os pesquisadores: é necessário intervir antes que seja tarde demais.
Uma das principais ações está focada nos bugios em cativeiro, como criadouros ou zoológicos, que estejam em condições de voltar à natureza. O problema é: não existem bugios em cativeiro na Argentina.
E é aí que entra a etapa fundamental deste trabalho conjunto para salvar os bugios-ruivos. Os animais brasileiros poderão ser enviados para a Argentina, onde serão fundamentais para recuperar a população argentina.
Essas ações de reintrodução, resgate, reforço populacional e manejo ex situ (em cativeiro) serão prioritárias para recuperar os bugios na Argentina, e a parceria entre os países será essencial nesse trabalho.
Ações de manejo já estão sendo realizadas no Brasil e acontecem dentro do Programa de Manejo Populacional Integrado de Alouatta guariba (bugio-ruivo), oficializado em fevereiro pelo ICMBio.
Um exemplo é a iniciativa do Refauna, que retoma este ano a soltura de bugios-ruivos no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro
Esse grupo veio do Centro de Primatologia do Estado do Rio de Janeiro (CPRJ), onde viviam em cativeiro, e irá voltar para a floresta para se juntar a um grupo de outros sete bugios, também oriundos de solturas do Refauna.
Reportagem Duda Menegassi
Fotos: Luísa Genes, Província de Misiones/Divulgação, Gerson Buss, Flávia Zagury, Vitor Marigo
Edição Daniele Bragança