Catástrofes como a do RS tornam populações humanas mais vulneráveis a crimes. É o que aponta o estudo inédito "O Tráfico de Pessoas no Contexto de Degradação Ambiental no Brasil", da Organização Internacional para as Migrações das Nações Unidas (OIM).
"Pessoas que têm a renda impactada podem ficar sem recursos para se manter (...) e, com isso, se tornar mais suscetíveis a propostas que escondem aliciamento para o tráfico de pessoas”, explica Débora Castiglione, coordenadora de projetos da Unidade de Mobilidade, Meio Ambiente e Mudança do Clima da OIM.
Qualquer pessoa pode ser alvo de tráfico humano, mas as vítimas de desastres, os povos indígenas e tradicionais ou comunidades que mais dependem de ambientes conservados para viver estão entre as mais vulneráveis, além de mulheres e meninas.
Conter e jogar luz nessas violações pede medidas como ampliar a informação e os canais de denúncias públicos, dar maior capacidade e aproximar forças dentro e fora do país para enfrentar o tráfico humano e fortalecer a fiscalização e as punições ambientais.
O acúmulo crescente de tragédias potencializadas pela negligência histórica de governos com a emergência climática amplificará os números de refugiados e migrantes, comumente empurrados para áreas ambientalmente frágeis.
Matéria Aldem Bourscheit
Edição webstory Gabriela Güllich
Imagens: Pedro Piegas/PMPA, Divulgação/OIM, Reuters/Folhapress, NU/Divulgação, Eduardo Aigner/ACNUR, Pedro Ladeira/Folhapress