Fronteiras entre países do Mercosul são alvo do crescente e lucrativo tráfico de agrotóxicos, mostra reportagem especial de ((o))eco apoiada pela The Environmental Reporting Collective.
As apreensões de produtos falsificados, adulterados e roubados cresceram com os impactos econômicos globais desde a pandemia de COVID-19. A grande maioria dos itens vem da China e chega ao Brasil por países vizinhos.
Diariamente cruzam
por pontes entre Brasil, Paraguai e Argentina mais de 45 mil veículos e mais de 80 mil pedestres. Há 33 cidades gêmeas com outros países em mais de 16 mil km de fronteiras secas e fluviais do Brasil.
O tráfico de agrotóxicos foi incorporado pelo crime organizado que controla as rotas do Paraguai ao Brasil. A maioria dos crimes registrados pela Polícia Militar no Paraná com esses produtos é ligada ao narcotráfico.
As regiões Centro-oeste
e Sul concentram as apreensões nacionais de agrotóxicos traficados, falsificados e roubados. BR-163 e BR-116 são algumas das rodovias com maior tráfego ilegal desses itens no país.
Metade das apreensões de agrotóxicos no país já envolve produtos ilícitos. Em 2010, esse índice era de 5%. As apreensões incluem produtos banidos no país, usados em lavouras de soja, milho, algodão e feijão.
O mercado brasileiro de agrotóxicos movimenta R$ 75 bilhões anuais. As perdas tributárias e econômicas por crimes com insumos agrícolas foi de quase R$ 21 bilhões em 2022.
Disparidades normativas e fiscais no Mercosul azeitam delitos com agrotóxicos. Benesses fiscais e legais mantêm um intenso comércio inclusive desde inúmeras empresas abertas por brasileiros no Paraguai. Crimes com agrotóxicos também alimentam um agronegócio baseado em monoculturas de commodities.
De 2019 a 2022, o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro liberou 2.182 novas substâncias no Brasil. Foi um recorde entre todas as administrações anteriores.