Garimpo e projetos sustentáveis disputam espaço em comunidade ribeirinha

A comunidade Boa Esperança, da RDS Rio Amapá, em Manicoré (AM), vive uma dualidade: enquanto parte participa de projetos de desenvolvimento sustentável, outra encontra no garimpo sua fonte de renda.

Durante os últimos dois anos e meio em que o mundo lidava com as consequências da Covid-19, as comunidades ribeirinhas no interior do Amazonas enfrentaram restrições e desafios particulares.

A pandemia, o aumento do valor dos insumos de agricultura, além das fortes chuvas que acometem a Bacia Amazônica nos últimos anos, levaram os moradores da região a olhar para o garimpo como uma fonte de renda.

Consequentemente, a dinâmica econômica das comunidades ribeirinhas localizadas nas beiras do rio Madeira mudou bastante nos últimos dois anos.

A garimpagem ilegal é consolidada como padrão histórico da atividade nos rios amazônicos, por não sofrer quase ou nenhuma ação dos órgãos reguladores que deveriam atuar no combate e controle da ilegalidade.

Em meio às atividades ilegais, um projeto da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) leva aos jovens uma oportunidade.

William Hipy, jovem de 21 anos, tornou-se monitor ambiental graças ao Centro Comunitário Solar, projeto da FAS em parceria com a Dell, e conta que foi uma oportunidade para sua vida e sonha em continuar trabalhando na área ambiental.

“A gente que trabalha nessa área sabe que é ilegal, traz danos para o meio ambiente e vai causar impacto, mas eu não posso dizer ‘é errado, não faz!’ porque às vezes é a única maneira de eles tirarem seu sustento para própria sobrevivência”

A reflexão mostra uma dicotomia que vai muito além de um duelo simplista entre bandidos e mocinhos e dá vislumbres de quão complexa se tornou a questão do garimpo na Amazônia.

REPORTAGEM E FOTOGRAFIA Bruna Martins EDIÇÃO Milena Giacomini