Essa reportagem faz parte do especial Floresta de Ninguém, que traz um diagnóstico atual das áreas não destinadas na Amazônia.
O uso de inteligência territorial para fins de regularização futura é apenas uma das várias técnicas hoje utilizadas por grileiros em busca da titulação.
Para anunciar terrenos na Amazônia nas redes, nem é preciso ter a escritura. Apenas o contrato de compra e venda serve como documento comprobatório da titularidade, assim como apenas o CAR e georreferenciamento.
Os valores cobrados pelos governos estadual e federal nos processos de regularização fundiária são extremamente baixos. Vender essas terras no mercado é lucro certo.
Segundo estudo do Imazon, em média, os governos estaduais cobram 15% do valor de mercado e o governo federal cobra 26%, considerando os valores usados como base para o cálculo do preço final.
“A pessoa cruzou unidade de conservação, cruzou Terra Indígena e fez [o registro da área] exatamente onde tinha um vazio, desenhando nitidamente”, explicou Roberta Del Giudice, secretária-executiva do Observatório do Código Florestal.
Reportagem Cristiane Prizibisczki
Edição Daniele Bragança
Fotos: Jaime Souzza, Lucia Barreiros/CC