Um fungo asiático secular e a crise do clima estão entre as causas do declínio desses animais, que ajudam a equilibrar ecossistemas e a controlar transmissores de doenças.
A queda atingiu 106 espécies, ou 15% dos 700 tipos de anfíbios do bioma. As perdas se concentram em estados do Sul e Sudeste. Há cerca de 8 mil dessas espécies no mundo, sobretudo nos trópicos.
O declínio foi comprovado com análises em décadas de estudos científicos e em coleções históricas de museus. Dados precários e mudanças nas técnicas de pesquisas foram desafios.
Animais vivendo em ambientes como pequenos riachos abrigados sob as árvores foram os mais atingidos. Há 2 espécies de anfíbios declaradas extintas e outras 15 provavelmente eliminadas no Brasil.
Um pico de perdas ocorreu em 1979, mas seguem até hoje e não estão conectados diretamente ao desmate da Mata Atlântica. O bioma mais devastado do país tem apenas 12% de florestas bem preservadas.
A culpa recai sobre o fungo Batrachochytrium dendrobatidis e alterações climáticas, pois o estudo excluiu causas óbvias para eliminações de anfíbios, como a destruição de suas moradas pelo desmate.
Surgido na Ásia há cerca de 100 anos, o fungo mata anfíbios no mundo todo alterando a química de sua pele e prejudicando o funcionamento do organismo. Espécimes podem morrer de colapso cardíaco ou do fígado.
A crise climática global ameaça anfíbios alterando seu metabolismo. Animais de regiões com climas muito específicos são ainda mais frágeis. No Vale do Ribeira (SP) já há declínios de espécies por essa causa.
Soluções passam pelo monitoramento de populações, para agir antes que o fungo e a crise do clima causem estragos maiores, e pelo controle sanitário do acesso a áreas protegidas.
Reportagem Aldem Bourscheit
Fotos: Diego Moura-Campos Ivan Sazima Luís Felipe Toledo / Revista Fapesp
Edição: Marcio Isensee e Sá