A onça-pintada (Panthera onca) é um dos grandes felinos dotados da capacidade de subir em árvores, mas os motivos que influenciam o comportamento podem diferir.
No Pantanal, fêmeas podem estar utilizando a estratégia como um refúgio seguro tanto para si quanto para os filhotes, sendo estes últimos protegidos da prática de infanticídio ao se ‘esconderem nas alturas
Isto é o que revela estudo recém-publicado na Springer Nature. O artigo é resultado de um esforço que realizou a coleta de quase uma década de dados sobre a espécie no bioma.
“Isso indica a importância de termos estudos de longo prazo para uma espécie como a onça-pintada, que tem uma longevidade um pouco maior”, conta Ronaldo Morato, coordenador do CENAP/ICMBio.
Ao todo, foram observadas 252 escaladas, das quais fêmeas com filhotes responderam pela maior parte (39%), seguidas pelas sem filhotes (37%) e por filhotes sozinhos (20%). Machos responderam por 1,9% das escaladas.
Para o primeiro autor do estudo, o comportamento observado entre fêmeas e seus filhotes, que respondem por mais de 98% das subidas em árvores, pode ser, entre outras coisas, uma estratégia complementar contra o infanticídio.
“As árvores são extensões verticais das áreas de vida das onças-pintadas, usadas para proteção, descanso, exploração e para comunicação indireta por marcações visuais e olfativas”, diz Edu Fragoso sobre o que conclui o artigo.
Para Morato, o estudo publicado este mês é importante para o planejamento de estratégias de conservação, e também se soma a outros que mostram como as áreas florestadas são importantes e preferidas pela espécie.
Reportagem Michael Esquer
Fotos: Edu Fragoso e Márcia Foletto
Edição Daniele Bragança