Até o momento, a Defesa Civil de Petrópolis contabilizou 106 mortes devido aos deslizamentos de terra e enchentes causados pelas intensas chuvas que caíram na cidade durante os últimos dias.
O número poderia ser bem menor se o órgão estivesse melhor preparado para lidar com ocorrências como esta, defende Pedro Côrtes, professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP).
“Em tese, municípios de médio e grande porte poderiam lidar com essas situações, mas o que temos verificado é que, em geral, isso não acontece”, disse.
Em poucas horas, choveu na região de Petrópolis 260 mm, superando a média histórica para todo mês de fevereiro.
Segundo a Defesa Civil local, foram 189 deslizamentos registrados e 229 ocorrências, com cerca de 50 casas atingidas.
Com um histórico de deslizamentos de terra, os órgãos de defesa da Região Serrana do Rio já deveriam ter as ferramentas e estratégias necessárias para enfrentar eventos extremos, defende Côrtes.
Para o pesquisador Pedro Côrtes, da USP, o que faltou a Petrópolis – e o que falta ao Brasil – é uma política efetiva de prevenção.
“Não temos uma cultura de prevenção. Em relação aos desastres naturais, aos eventos climáticos extremos, é muito pouco o que se vê em prevenção. Normalmente o que temos é uma política reativa”, diz.
Segundo Côrtes, os órgãos de defesa civil deveriam acompanhar com mais seriedade os boletins meteorológicos emitidos pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Faltando preparo ou não, os órgãos de defesa civil do Rio de Janeiro, especialmente da região serrana, precisam ficar alertas: a previsão do Cemaden é de possibilidade “Muito Alta” de novas ocorrências de inundações, enxurradas e deslizamentos, com chuvas intensas para os próximos 5 dias.
REPORTAGEM Cristiane Prizibisczki EDIÇÃO Milena Giacomini FOTOGRAFIA Carl de Souza/AFP 17 de Fevereiro de 2022