Mais de 235 mil animais foram resgatados das obras em 16 anos do megaprojeto com 800 km de canais, ainda em finalização. Todavia, teriam sido mínimos os espécimes removidos dos canais.
Especialistas afirmam ter removido apenas uma jiboia e uma capivara aprisionadas nos cursos d’água. Assim como outros animais, foram reabilitados e devolvidos à natureza.
Canais forrados com pedras e alvenaria permitem a saída dos espécimes. Também há túneis para sua passagem e monitoramento desde o começo das obras, em 2007.
Os impactos à fauna da transposição são acompanhados pelo Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF).
Os mais de 200 túneis sob canais e eixos da transposição já são aproveitados por tatus, onças-pardas, guaxinins, felinos e outras espécies de répteis, anfíbios, mamíferos e insetos.
Para abastecer comunidades no semiárido, a água agora corre firme por alguns rios antes intermitentes. Nesses cursos, espécies de peixes-das- nuvens, cujos ovos eclodem a cada ciclo de chuvas, podem estar ameaçadas.
Há risco de povoação de cursos d’água no interior da Caatinga por peixes do S. Francisco. Três espécies já romperam essa barreira. Caso se adaptem, podem prejudicar outras espécies e ambientes.
O cenário de impactos reais e potenciais do transbordo de águas do “rio da integração nacional” demanda monitoramento permanente por equipes especializadas. A obra é custeada pelo Governo Federal.
Reportagem Aldem Bourscheit
Edição Daniele Bragança
Fotos: João Gilberto/AL/RN, Divulgação Ministério da Integração Nacional, MIDR, Cemafauna, Telton Ramos