A soltura das espécimes pode devolver a ararinha-azul ao sertão baiano, mas o planejamento da Voltaire, usina eólica próxima à região, compromete a tentativa de reintrodução da espécie.
A liberação das aves é ligada à recuperação da Caatinga, bioma exclusivo do país, alvo do desmate e da desertificação e carente de maior proteção oficial.
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) foi extinta da natureza em 2000, por desmate, caça e tráfico.
Um primeiro grupo criado em cativeiro deve ser liberado num refúgio de vida silvestre em Curaçá e Juazeiro, na Bahia, em 11 de junho.
Na vizinhança, a Voltalia quer gerar 288 Megawatts no Complexo Eólico Serra da Borracha. Suas 48 turbinas serão distribuídas em “linhas retas orientadas principalmente na direção Norte-Sul” em 6 parques apartados
Diretor da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (Save), Pedro Develey vê “grande incoerência” numa possível usina eólica na região onde serão soltas as ararinhas, que voam até 50 km para comer e se reproduzir.
“É necessário diminuir ao mínimo as ameaças às aves, não aumentar riscos. Há grande chance de que morram topando com geradores ou fios [se a usina for construída], prejudicando grandes esforços e recursos investidos na sua reintrodução”
REPORTAGEM Aldem Bourscheit FOTOS Association for the Conservation of Threatened Parrots ROTEIRO Bruna Martins EDIÇÃO Milena Giacomini