REGISTRO INÉDITO CONFIRMA QUE AINDA HÁ HARPIAS EM MG

Durante uma passarinhada em família em Minas Gerais, o engenheiro agrônomo Oswaldo Rezende teve um encontro inesperado: deparou-se com uma harpia, a maior ave de rapina do Brasil.

A espécie não tinha nenhum registro documentado na Mata Atlântica mineira há pelo menos um século. As fotos feitas por Oswaldo, e compartilhadas no Wikiaves, causaram comoção entre os observadores de aves.

Os cliques revelaram ainda mais. Sua barriga tingida de marrom mostra que esta ave estava chocando recentemente. Ou seja, há não apenas uma harpia solitária, mas um ninho e, tudo indica, um filhote e um companheiro.

"É o tanino das folhas que deixa o peito assim amarronzado, pelo contato com as folhas durante os 55 dias de choca. Tem ninho por ali, a menos de 10 quilômetros dessa localidade”, explica o especialista Everton Miranda.

O registro foi feito no município de Almenara, no extremo nordeste do estado, numa região conhecida como Mata do Limoeiro. A área não é protegida, apesar de ser considerada por pesquisadores como prioritária para conservação.

Além do recém-feito registro da harpia, que é considerada Vulnerável à extinção no Brasil, essa mata também abriga populações de muriqui-do-norte, macaco criticamente ameaçado.

“É uma área com potencial pra unidade de conservação muito grande, principalmente por ter uma rede de córregos e nascentes preservadas”, reforça o engenheiro agrônomo que fez registro da harpia.

As harpias vivem em ambientes florestais e atualmente, suas maiores populações no país estão concentradas na Amazônia. Na Mata Atlântica, sua presença é cada vez mais rara, o que faz desse registro ainda mais especial.

Reportagem Duda Menegassi

Fotos: Oswaldo Rezende, Everton Miranda/The Peregrine Fund, Francisco Homem / Projeto Muriquis do Caparaó, Rodrigo Silva / Projeto Muriquis do Caparaó, Duda Menegassi

Edição Daniele Bragança