Newsletter O Eco+ | Edição #153, Junho/2023
25 de junho de 2023
Olá, xxxxx!
Em 1982, quando chegou em Caratinga, Minas Gerais, para estudar os muriquis, a primatóloga americana Karen Strier deu início a uma história especial na ciência e conservação. Ao longo de quatro décadas ininterruptas de pesquisa, Karen desvendou os mistérios desse macaco até então desconhecido, treinou gerações de primatólogos brasileiros e apoiou a conservação desta espécie, considerada em perigo crítico de extinção, e da Mata Atlântica. Na última semana, todo esse trabalho foi celebrado no evento Caratinga+40, que reuniu cerca de 100 pessoas entre pesquisadores, ambientalistas e ilustres. ((o))eco também estava lá e a repórter Duda Menegassi fez uma entrevista especial com Karen Strier sobre seu trabalho, os muriquis e os desafios para os próximos anos.
No Pantanal, o povoado centenário de Porto Esperança, em Corumbá (MS), resiste à disputa de suas terras pelo agronegócio e transporte de minérios. O povoado, que no passado já abrigou 600 famílias, foi esvaziado pelas pressões do agronegócio e do transporte de commodities, inflados pela hidrovia Paraguai-Paraná. A comunidade de Porto Esperança não é a única que sofre com esse avanço do agronegócio, mineração e infraestrutura. Numa reportagem especial, os repórteres Aldem Bourscheit e Michael Esquer contam o drama dos povoados tradicionais diante da pressão desses gigantes no território pantaneiro.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) vai testar, ainda em 2023, o uso da biometria facial de bovinos como ferramenta de rastreabilidade individual do gado no país. A ideia é que o reconhecimento facial possa substituir as marcações a fogo e brincos de rastreamento que são utilizados hoje. A rastreabilidade, exigida para exportação da carne bovina, é necessária para garantir a segurança sanitária animal e também para identificar se a carne produzida não está atrelada ao desmatamento ilegal. A repórter Cristiane Prizibisczki compartilha os detalhes dessa iniciativa.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Karen Strier, guardiã dos muriquis e matriarca de gerações de pesquisadores
Pressão por terras, portos e estrada sufocam comunidade no Pantanal
Aldem Bourscheit - de Corumbá/MS e Puerto Suárez (Bolívia),
Michael Esquer - de Cáceres/MT
CNA planeja usar reconhecimento facial para rastrear gado no país
· Conservação no Mundo ·
Rede global de tortura. Uma investigação da BBC revelou, de forma perturbadora, a existência de uma quadrilha especializada na tortura de macacos. No cruel esquema, centenas de clientes nos EUA, Reino Unido e outros países pagavam indonésios para maltratar e matar filhotes de macacos e registrar tudo em vídeo. A operação começou no Youtube e migrou para grupos privados no aplicativo de mensagens criptografadas Telegram. [BBC]
Um banco de dados inusitado sobre biodiversidade. Um time de cientistas descobriu que duas estações de monitoramento da qualidade do ar no Reino Unido também coletaram amostras de DNA que podem ser informações úteis da biodiversidade. As amostras correspondiam a 180 espécies de mamíferos, plantas, aves e invertebrados. Os sensores, que têm como objetivo medir a poluição do ar, coletam dados em intervalos regulares e pode ser uma fonte em potencial para amostragem de dados da biodiversidade ao longo do tempo. [Mongabay]
· Animal da Semana ·
O animal da semana é o mico-leão-dourado!
A espécie é endêmica da Mata Atlântica e hoje se encontra em perigo de extinção. A principal razão é a destruição do seu habitat. Mas por ser desejado, o tráfico ilegal de animais também ameaça a sobrevivência da espécie. Eles pesam cerca de 600 gramas e medem 60 cm, da cabeça até o final da cauda. Alimentam-se principalmente de frutos, insetos e pequenos vertebrados. Vivem em família, em grupos de, em média, 6 indivíduos. Sua reprodução costuma gerar dois filhotes, num período de gestação de 120 dias.
Os micos-leões dourados, com sua pelagem reluzente, fazem jus ao nome: gostam da companhia do sol, pois têm hábitos diurnos. Em um mundo em que lutamos pela preservação da biodiversidade, seus pelos dourados são mais preciosos do que o ouro.
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🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)
· Dicas Culturais ·
• Pra ouvir •
Bichos, plantas e histórias que não contaram para você | ((o))eco
Zoológicos nos dias de hoje lutam para desfazer a imagem de locais voltados apenas para exibição de animais pelo lucro, e passarem a ser vistos como instituições de pesquisa e apoio à conservação da biodiversidade. A polêmica importação de 18 girafas da África do Sul pelo BioParque, antigo zoo do Rio, é a prova de que ainda há um longo caminho para a redenção. Do outro lado da balança, zoos podem ser atores importantes para conservação, educação ambiental e pesquisa. Nesta segunda-feira (26), ouça “Qual o papel dos zoológicos”.
• Pra ler •
O último abraço da matriarca (2021) | Frans de Waal
Desafiando a ruptura humano-animal e propondo a discussão de grandes questões éticas e filosóficas da atualidade, o primatólogo Frans de Waal nos leva a uma jornada pela riqueza emocional dos animais. Neste livro, ele conta a história da matriarca de uma colônia de chimpanzés e sua relação com um velho professor de biologia.
• Pra assistir •
Terra de Gigantes (Parte 1 e 2) (2023) | Instituto Nacional da Mata Atlântica – INMA
No último domingo, o INMA lançou o documentário Terra de Gigantes. Dividido em duas partes e disponível no Youtube do Instituto, o filme é uma jornada pela fantástica e ainda desprotegida Serra do Padre Ângelo, em Minas Gerais. Lar de espécies únicas de plantas, as gigantes do título, a Serra abriga também paisagens espetaculares.
