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Newsletter O Eco+ | Edição #154, Julho/2023

Megaempreendimento ameaça comunidades tradicionais da ilha de Boipeba, enquanto lixão em Teresópolis lança fumaça tóxica na cidade

Newsletter O Eco+ | Edição #154, Julho/2023

02 de julho de 2023

O projeto de construção de um condomínio de luxo na ilha de Boipeba, no litoral da Bahia, tem sido acompanhado de perto por ((o))eco desde o começo. Nesta reportagem especial, o repórter Aldem Bourscheit foi a campo junto com o fotógrafo do Mongabay Brasil, Fellipe Abreu, para ouvir as histórias dos moradores tradicionais de Boipeba, pescadores, quilombolas e extrativistas, que vivem do manguezal, da floresta e do mar. O empreendimento turístico-imobiliário privado situa-se numa fazenda que toma quase 20% de Boipeba. Especialistas apontam que a construção do projeto, atualmente parado na justiça, comprometerá não apenas as áreas ainda preservadas da ilha, mas também o modo de vida das comunidades tradicionais e pode estimular uma ocupação ainda maior no litoral baiano.

Também é Aldem Bourscheit que nos conta, diretamente de Brasília, sobre a reunião do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês) que aprovou valores recordes para proteção da biodiversidade, enfrentamento da crise climática e o combate à poluição marinha. Os conselheiros do GEF deram sinal verde a projetos que somam mais de 1 bilhão de dólares (o equivalente a 6,7 bilhões de reais) em 136 países. Um deles, o Brasil, que deve receber quase 90 milhões de dólares, ou cerca de 428 milhões de reais. Os projetos no país incluem apoiar comunidades no entorno de áreas protegidas, recuperar florestas e conservar a biodiversidade amazônica, e mapear a biodiversidade em terras indígenas.


Você já se perguntou por que onças-pintadas sobem em árvores? Após quase uma década de coleta e pesquisa, um grupo de pesquisadores têm a resposta. Ou pelo menos parte dela. Os cientistas se dedicaram a entender a vida nas árvores do maior felino das Américas no Pantanal. O que eles descobriram é que diferente da Amazônia, onde tanto machos quanto fêmeas têm um modo de vida semi-arbóreo e buscam alimentos em cima de árvores; no Pantanal esse comportamento está associado às fêmeas com filhotes. Ou seja, tudo indica que as onças sobem em árvores em busca de um refúgio. O repórter Michael Esquer conta mais detalhes dessa pesquisa recém-publicada e dos diferentes comportamentos dos felinos com relação à “vida nas árvores”.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

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· Conservação no Mundo ·

Praia submersa. O aumento do nível do mar em consequência do aquecimento do planeta pode engolir países e paisagens inteiras. No litoral dos Estados Unidos, a preocupação é com a Cape Hatteras National Seashore, área protegida que abriga cerca de 100 quilômetros de dunas, praias intocadas e salinas. Cape Hatteras é considerada uma das joias do sistema de áreas protegidas americano e pode ir para baixo d’água ainda nesse século, alertam pesquisadores. A previsão é que até 2050 as águas ao redor da costa subam mais 25 a 35 centímetros. [Yale Environment 360]


Dinheiro com alta pegada de carbono. Uma investigação do jornal The Guardian mostrou que alguns dos grupos mais conhecidos do mundo por sua luta contra a crise climática, como o WWF, receberam milhões de libras em doações de uma fundação que investe em empresas de combustíveis fósseis. A Quadrature Climate Foundation foi criada pela Quadrature Capital, um fundo de investimento que, até o final de março, tinha participações em 45 empresas de combustíveis fósseis, principalmente na América do Norte. [Guardian]

 

 

· Animal da Semana ·

O animal da semana é o Gato-maracajá!

Ele é encontrado desde a zona costeira do México até o norte do Uruguai e Argentina e em todo o Brasil, com exceção do estado do Ceará e metade meridional do Estado do Rio Grande do Sul. Ocorre em todos os biomas do Brasil, mas é predominantemente associado a ambientes de floresta, desde formações densas contínuas a pequenos fragmentos em ecossistemas savânicos, de matas primitivas a degradadas. 🌳

A espécie se caracteriza por apresentar olhos bem grandes e protuberantes, focinho saliente, patas grandes e cauda bastante comprida. As patas traseiras têm articulações especialmente flexíveis, permitindo rotação de até 180 graus, o que lhe dá a rara habilidade entre os felinos de descer de uma árvore de cabeça para baixo. 🐾

A perda e fragmentação de habitats naturais é a principal ameaça às populações.

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🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)

· Dicas Culturais ·

• Pra ouvir •

Bichos, plantas e histórias que não contaram para você | ((o))eco

A destruição e fragmentação das florestas é um duro golpe para sobrevivência de inúmeras espécies e talvez nenhum grupo represente isso melhor do que os primatas. No Brasil, todos os macacos são arborícolas, portanto sem árvores, sem macacos. Enquanto na Amazônia o cerco se fecha sobre espécies como o zogue-zogue de Mato Grosso, que vive numa pequena área sobreposta ao Arco do Desmatamento e vê seu lar menor a cada dia. Na Mata Atlântica, os bugios ganham uma nova chance através de iniciativa de reintrodução para colonizar novamente as florestas cariocas do Parque Nacional da Tijuca.

((o))eco

• Pra assistir •

O Império dos Chimpanzés (2023) 

Nesta minissérie de quatro episódios, disponível na Netflix, acompanhamos uma grande comunidade de chimpanzés que vive numa floresta de Uganda, enfrentando políticas sociais, dinâmicas familiares complexas e disputas territoriais.

Netflix

• Pra relembrar •

GUANABARA: Baía que resiste (2021)

Na última quinta-feira (29), celebramos o Dia do Pescador. Por isso, ((o))eco te convida a lembrar das histórias de pescadores artesanais que se tornaram protagonistas da recuperação dos manguezais do fundo da Baía de Guanabara. A recuperação e o futuro da Baía de Guanabara depende de exemplos como esse que permitem que a natureza retorne ao seu lugar e, com ela, os serviços que ela dão generosamente oferece: água, alimento, ar e qualidade de vida.

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