Salada Verde

No país da impunidade

Primeiros meses do ano são marcados pela retomada da violência contra quem atua pelo meio ambiente. No Rio de Janeiro, servidores do Ibama foram atacados

Redação ((o))eco ·
12 de março de 2010 · 16 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente
Agentes ambientais viraram alvo. Foto: TeroVesalainen/Pixabay.

Os primeiros meses do ano foram marcados pela retomada da violência contra agentes ambientais do governo. A Polícia Federal (PF) está investigando um atentado contra o chefe e funcionárias do setor de Passeriformes do Ibama no Rio de Janeiro. Nos últimos dias de fevereiro, dois veículos fecharam um carro do órgão em plena Avenida Brasil, quando um homem encapuzado e de arma em punho exigiu a liberação de anilhas e um “jogo mais brando” com criadores de pássaros.

Também no Rio de Janeiro e na mesma época, foi descoberto um plano de morte contra o chefe da reserva biológica do Tinguá, Josimárcio Campos de Azevedo. Em 24 de fevereiro, agentes federais vasculharam quatro casas próximas à reserva e encontraram indícios de que bandidos se preparavam para executá-lo, por cerca de dois mil reais. Para a PF, a ordem para matar Azevedo partiu de caçadores. As investigações continuam.

O último caso anunciado pelo governo ocorreu no Amazonas. Esta semana políticos e madeireiros de Lábrea, calçados por populares mobilizados pela prefeitura, impediram a fiscalização sobre a derrubada ilegal de árvores na reserva extrativista Médio Purus. A ilegalidade abastece serrarias e movelarias no município. Também há retirada de areia do rio Purus para obras do governo estadual. Servidores federais ficaram encurralados durante um dia inteiro dentro de hotel.

Ameaças de violência contra agentes oficiais ou voluntários e civis são rotina na área ambiental. Em 2005, um voluntário foi assassinado, no Baixo Rio Branco, em Roraima, supostamente por traficantes de quelônios.  Em 2001, a casa do presidente da Associação dos Agroextrativistas do Baixo Rio Branco-Jauaperi, Francisco Caetano, foi incendiada. O líder recebia ameaças de morte. Já o seringueiro João Batista Ferreira está desaparecido desde novembro de 2007, quando era presidente da Associação dos Produtores Rurais de Jutaí. Foi visto pela última vez saindo de sua casa em direção a uma roça comunitária. Ele denunciava desmatamentos, tráfico de animais silvestres e outras ilegalidades naquela região do Amazonas.

Realidades de um país que desrespeita a lei, vive de impunidade e ainda não conseguiu levar condições mais dignas de vida aos interiores da Amazônia.

Leia também

Salada Verde
12 de dezembro de 2025

Gilmar Mendes pede urgência na votação do Marco Temporal

Na reta final do ano, ministro solicitou que o julgamento ocorra em formato virtual entre os dias 15 a 18 de dezembro, pouco antes do recesso do STF

Notícias
12 de dezembro de 2025

“Papagaio cientista”: monitoramento da ave revela nova população de ipês raros

Trabalho que seguia grupo de papagaio-chauá se deparou com as árvores criticamente ameaçada de extinção em área afetada pelo rompimento da barragem de Mariana

Salada Verde
12 de dezembro de 2025

Pesquisadores do Jardim Botânico descobrem nova espécie de bromélia

Espécie é endêmica da Mata Atlântica e foi coletada na Bahia; atividades humanas na região onde foi avistada ameaçam sua sobrevivência

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.