Há duas semanas morreu Presley, o macho de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) mais velho do mundo. Aos 40 anos de idade, Presley foi um dos últimos da espécie que teve a sorte de viver uma parte da vida na natureza. Ele foi o exemplo vivo do desastre ambiental perpetuado pelo tráfico de animais silvestres: retirado de seu habitat natural, foi vendido como animal de estimação nos Estados Unidos, até virar alvo de iniciativas oficiais de conservação, que conseguiram trazê-lo de volta ao Brasil (mas não à natureza) 15 anos depois.
Viveu por quase 10 anos na Fundação Lymington − Centro de conservação localizado no interior de São Paulo −, onde foram feitas várias tentativas de reprodução em cativeiro, sem sucesso. Em março deste ano, especialistas da Universidade de Giessen, da Alemanha, colheram sêmen de Presley por eletroejaculação. Porém, os espermatozóides tinham problemas morfológicos e de mobilidade, consequência dos problemas cardíacos e idade avançada da ave.
Presley viveu na Fundação até ser internado no Hospital Veterinário da UNESP de Botucatu, em 20 de junho. Já não se alimentava sozinho. Lá, sob cuidados veterinários, morreu no dia 25.
De acordo com a assessoria do Instituto Chico Mendes, a necropsia de Presley foi realizada no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (LAPCOM), da Universidade de São Paulo, e as células germinativas da ave foram preservadas (conservação de germoplasma) para serem transplantadas em outro macho, que passaria a produzir o esperma de Presley. Esta técnica já foi realizada em outros grupos de aves e é a última tentativa para incorporar o material genético desta ave no grupo das ararinhas-azuis hoje em cativeiro.
“Ele era um dos últimos indivíduos do ambiente natural. Como essa espécie é extinta na natureza, existem poucas matrizes para reprodução. Ele é muito valioso para ampliar a diversidade genética e evitar os cruzamentos entre aparentados”, explica Patrícia Serafini, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação das Aves Silvestres (Cemave/ICMBio).
O ICMBio tem um plano para reintroduzir a espécie de volta no seu habitat. A ararinha-azul está extinta da natureza e só é encontrada em cativeiro.
Leia Também
Novo esforço pode devolver ararinha-azul à natureza
Ararinha pode retornar ao Sertão
O longo regresso da ararinha-azul ao Brasil
Leia também
Entrando no Clima#39 – Lobistas da carne marcam presença na COP29
Diplomatas brasileiros se empenham em destravar as negociações e a presença de lobistas da indústria da carne nos últimos dias da COP 29. →
Pelo 2º ano, Brasil é o país com maior número de lobistas da carne na COP
Dados obtidos por ((o))eco sobre levantamento da DesMog mostram que 17,5% dos lobistas do agro presentes na COP29 são brasileiros →
G20: ato cobra defesa da Amazônia na pauta do encontro dos chefes de Estado
A Amazônia está de olho" reuniu mais de 100 ativistas neste domingo (17), no Rio de Janeiro, para pressionar líderes presentes no G20 a tomar ações concretas para conservação da maior floresta tropical do mundo →