Reportagens
18 de outubro de 2009
Copenhague, Copenhague, Copenhague. Daqui a 50 dias, mais precisamente a partir do dia 7 de dezembro, poucas palavras serão repetidas com tanta frequência quanto o nome da pacata capital da Dinamarca. Para lá, voará uma verdadeira horda de diplomatas, ambientalistas, jornalistas e autoridades. Serão 20 mil pessoas ali. Os quartos de hotel já estão esgotados em todos os 98 municípios da antiga terra dos Vikings. Agora, quem está programando a ida a 15a Conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 15 para os íntimos, está marcando hotéis na cidade de Malmo, na Suécia, onde um trem cruzará a ponte sobre o Mar do Norte, todos os dias, em uma jornada de 50 minutos. Todo este frenezi servirá para discutir o desafio que representa o aquecimento global. E em torno deste debate existe uma grande expectativa: a esperança que um novo acordo político transformará o planeta em algo diferente, o mundo da economia do baixo carbono, assim se diz. Para tanto, eis aqui a discussão ao redor de números. Os números são metas, prazos, limites. E são eles que causam tanta discórdia. Entenda porque: Os limites 2009 – Esta é data limite que foi acordada entre as delegações membro da Convenção do Clima da ONU para que um novo acordo climático seja fechado. 2012 – Neste período expiram as obrigações do Protocolo de Kyoto, que foi criado em 1997. A reunião de Copenhague busca definir o acordo pós-2012. 2015 – Esta é a data limite apresentada pelo IPCC para que as emissões globais atinjam um pico. Isso significa que a partir daí as economias deveriam passar a reduzir drasticamente seus níveis de poluição. 2020 – De nada vai adiantar o novo acordo climático se não houver metas de médio prazo. E isso significa incluir cortes radicais de emissão já para o fim da próxima década. Os impactos 2oC – Esta é a temperatura que as negociações estão considerando como o limite para evitar transformações catastróficas no planeta 450 ppm ou 350 ppm - As negociações trabalham para construir um futuro em que a concentração de gás carbônico na atmosfera fica estabilizada em 450 ppm. Muitos pesquisadores, no entanto, afirmam que isto é um risco, e que a meta deveria ser baixar as concentrações para 350 ppm. Atualmente estamos em 384 ppm. 59 cm ou 110 cm - O IPCC utiliza como projeção de aumento do nível do mar a taxa entre 18cm a 59cm até 2100. Mas há cientistas muito mais pessimistas, como alguns reunidos em uma comissão do governo holandês , que sustentam que já no final do século teremos uma elevação de 55cm a 110 cm. 2016 e 2080 - Bastante controversos, os modelos do departamento de meteorologia do Reino Unido, Hadley Center, possuem as previsões mais sombrias para o futuro de ecossistemas em uma planeta mais quente. No atual ritmo de emissões, o Mar Ártico deixaria de congelar durante os verões ja em 2016. Já a Amazônia, com um aumento de temperatura de até 4oC tornaria-se um completo Cerrado em 2080. As metas 20% em 2020 - A única meta concreta colocada na mesa até agora é a da União Européia. 25% a 40% - Os cientistas do IPCC e o próprio acordo de Bali, da Convenção da ONU, sustentam que uma meta global de 25% a 40% seria a única forma de inverter a curva de emissões de gases de efeito estufa. 0 em 2030 - Isso é o que propõem os europeus para o desmatamento de florestas tropicais. US$ 100 bilhões - A quantia de dinheiro proposta pelo primeiro-ministro do Reino Unido Gordon Brown para ser paga a cada ano às nações pobres que precisam se adaptar às mudanças climáticas →
Por
Gustavo Faleiros
18 de outubro de 2009