Conflitos ambientais são situações complexas e diversas, e não podem ser explicados de maneira simples, pois variam muito conforme o ponto de vista e o contexto específico. No Brasil, por exemplo, os conflitos relacionados ao meio ambiente nas cidades ou no campo revelam uma rede de interesses. Esses problemas trazem as disputas entre diferentes grupos, como, por exemplo, governo, comunidades locais, produtores rurais e empresas. Cada um com suas próprias visões sobre como usar, proteger ou explorar os chamados “recursos naturais”. Na medida em que esses conflitos se desenrolam, eles destacam uma variedade de opiniões sobre as questões socioambientais que desembocam, ou deveriam, na abordagem do jornalismo sobre as disputas socioambientais.
Conflitos ambientais são situações complexas e diversas, e não podem ser explicados de maneira simples, pois variam muito conforme o ponto de vista e o contexto específico. No Brasil, por exemplo, os conflitos relacionados ao meio ambiente nas cidades ou no campo revelam uma rede de interesses. Esses problemas trazem as disputas entre diferentes grupos, como, por exemplo, governo, comunidades locais, produtores rurais e empresas. Cada um com suas próprias visões sobre como usar, proteger ou explorar os chamados “recursos naturais”. Na medida em que esses conflitos se desenrolam, eles destacam uma variedade de opiniões sobre as questões socioambientais que desembocam, ou deveriam, na abordagem do jornalismo sobre as disputas socioambientais.
Na pesquisa sobre Jornalismo Ambiental, apontamos que o jornalismo desempenha um papel importante na visibilidade e na forma como esses conflitos ambientais são percebidos pelo público, pois a forma como são abordados nos veículos de comunicação impacta a compreensão pública e as ações relacionadas a eles. A mídia não apenas relata os eventos, mas também molda a narrativa, decidindo quais aspectos serão destacados e quais serão minimizados. Isso pode levar a uma simplificação excessiva dos problemas, apresentando-os de maneira que favoreça certos interesses ou que não capture toda a complexidade envolvida.
No capítulo Conflitos ambientais: uma pauta central para o Jornalismo, do livro Jornalismo Ambiental: teoria e prática, do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS), Camana (2018) analisa como os conflitos ambientais são abordados na América Latina, destacando a complexidade dessas disputas e os diferentes ângulos a partir dos quais são percebidos e reportados. Neste texto, a pesquisadora examina o papel do jornalismo na representação desses conflitos e as implicações que têm para a compreensão pública dos problemas ambientais e sociais.
A partir disso, o estudo indica que a cobertura midiática dos conflitos ambientais frequentemente revela disparidades significativas, refletindo diferenças na atenção dada a conflitos de grande escala e àqueles de menor visibilidade. Grandes eventos, como desastres ambientais ou grandes projetos de desenvolvimento, recebem mais destaque na mídia, principalmente devido à sua magnitude e impacto imediato, como por exemplo o rompimento da barragem em Mariana e a construção da usina de Belo Monte. Esses eventos geralmente atraem a atenção de grandes veículos de comunicação e são acompanhados de perto por jornalistas, devido ao seu impacto direto e à pressão pública. Além disso, muitas vezes as reportagens sobre questões ambientais mostram apenas números e estatísticas, como áreas de floresta desmatada, sem trazer uma contextualização adequada, sendo difíceis de entender e não transmitindo claramente a gravidade dos problemas para a biodiversidade e as comunidades locais.
Por outro lado, conflitos menores ou mais contínuos, como as disputas fundiárias em várias partes do Brasil, muitas vezes recebem uma pequena cobertura. Esses problemas, embora igualmente graves e complexos, não ganham a mesma visibilidade na mídia, possivelmente devido à falta de eventos espetaculares ou à dificuldade de se capturar a dimensão desses conflitos em narrativas de curto prazo. A ausência de cobertura adequada pode levar à falta de conscientização pública e à falta de ações efetivas para enfrentar essas questões.
Nesta linha de abordagem, Moraes & Fante (2020) discutem a cobertura do conflito ambiental no jornalismo local sobre a instalação da fábrica CMPC na orla do Lago Guaíba, em Porto Alegre. O tema foi pautado a partir da inauguração e de toda logística empresarial, enquanto a vizinhança teve que criar uma página no Facebook para que suas reclamações fossem ouvidas. Fatos que afetam a vida na comunidade, como o mau cheiro, o barulho e o aumento de criminalidade na região, não estavam sendo reportadas. Neste sentido, apontamos a ausência de uma discussão mais aprofundada dos empreendimentos que, via de regra, geram conflitos socioambientais. O que dizem o governo e as empresas aparecem com maior ênfase, enquanto faltam destaque para as vozes das comunidades afetadas, o que seria fundamental para o entendimento dos interesses que estão em disputa.
Camana (2018) faz diversas recomendações para que possamos aprimorar as coberturas de conflitos ambientais, enfatizando a importância de incluir vozes marginalizadas, como as de comunidades locais e grupos vulneráveis, assegurando que suas perspectivas sejam ouvidas e consideradas nas reportagens, e sublinha a relevância de abordar a justiça ambiental de forma crítica, investigando como desigualdades sociais e ambientais estão interligadas e afetam desproporcionalmente os grupos mais pobres. A autora defende que o jornalismo deve reforçar seu compromisso ético com a defesa dos direitos fundamentais e a denúncia das injustiças, promovendo uma prática baseada em investigação aprofundada e na diversificação das fontes para garantir uma cobertura completa e justa dos conflitos ambientais.
Assim, percebemos que, ao mesmo tempo em que o jornalismo dá espaço para a controvérsia, nem sempre há aprofundamento do debate. É perceptível que há certo comedimento em apontar a contradição entre os modelos de desenvolvimento que se colocam em disputa na sociedade, o que significaria focalizar a base dos conflitos socioambientais.
Referências
CAMANA, A. Conflitos ambientais: uma pauta central para o Jornalismo. In: GIRARDI, Ilza Maria et. al. Jornalismo ambiental: teoria e prática. Porto Alegre: Metamorfose, 2018, p.115-134.
MORAES, C.H. de; FANTE, E.M. Jornalismo e invisibilidade do conflito ambiental no caso da CMPC Celulose riograndense. Revista Eletrônica do Programa de Pós-Graduação da Câmara dos Deputados, v. 13, p. 110-129, 2020.
As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.
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