A Biologia da Conservação é a disciplina que estuda o estado da biodiversidade no planeta com o objetivo de proteger as espécies e ecossistemas da extinção provocadas por atividades humanas. Neste campo há o entendimento de que não é possível arrecadar subsídios suficientes para proteger e criar projetos de conservação para todas as espécies de uma área, muito embora todas as espécies tenham valor e sejam merecedoras de proteção.
A solução que garante uma proteção ao mesmo tempo abrangente e economicamente viável está no conceito de espécie bandeira (ou flagship species, em inglês). Surgido nos meados dos anos 80, no âmbito dos debates sobre a forma de priorizar espécies para a conservação, este conceito sustenta que ao elevar o perfil de uma determinada espécie, é possível angariar, com sucesso, mais apoio para a conservação da biodiversidade em geral. Em outras palavras, ao chamar a atenção da população à situação de perigo de determinada espécie mais carismática, todo o ecossistema ao seu redor (incluindo as demais espécies, menos carismáticas) têm mais chances de serem preservados.
Espécies bandeira podem ser selecionadas de acordo com diferentes características, dependendo do que é valorizado pelo público que tentam atingir, engajando-o na conservação do meio ambiente. Em geral, são escolhidas pela sua atratividade (aparência) e carisma junto ao público, o conhecimento prévio pela população da espécie e de sua vulnerabilidade ou importância ecológica.
Embora seja um conceito eficiente, há limitações ao seu uso: ao priorizar as espécies-bandeira corre-se o risco de distorcer prioridades, em que são favorecidas em detrimento de espécies em maior risco e não tão populares; as administrações de diferentes espécies-bandeiras podem entrar em conflito; e o desaparecimento do principal pode ter impactos negativos sobre as atitudes e ânimos dos atores de conservação.
As primeiras espécies alvo do conceito foram os primatas neotropicais e os elefantes e rinocerontes africanos, numa abordagem centrada nos grandes mamíferos, que ainda dominam como o conceito é usado nos dias atuais.
No Brasil, o principal exemplo de espécie bandeira é o mico-leão dourado (Leontopithecus rosalia), que representa a conservação da Mata Atlântica. Outros são a onça-pintada (Panthera onca), representando os diversas biomas brasileiros (Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Pantanal); o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) para o Cerrado e as araras-azuis (Anodorhynchus spp.), também do Cerrado e Pantanal.
No mundo, o mais famoso é o urso-panda (Ailuropoda melanoleuca), da China, que graças ao seu enorme carisma também foi escolhido como marca da WWF (World Wide Fund for Nature). Além pode-se destacar o tigre-de-bengala (Panthera tigris tigris), da Índia, o elefante-africano (Loxodonta spp.); os gorilas (Gorilla spp.), na África Central; o urso-polar (Ursus maritimus), no Canadá; o orangotango (Pongo spp.) no sudeste asiático.
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Ótima matéria!
Espécie bandeira é um sinônimo do termo pejorativo “fofofauna“? A propósito, matéria muito boa! Parabéns!