O Eco+ | Edição #261 | setembro/2025
28 de setembro de 2025
Em Florianópolis (SC), um relatório da Câmara Municipal propõe a extinção de 11 unidades de conservação. O documento alega irregularidades no processo de criação das UCs. Somadas, tratam-se de 140 km² de Mata Atlântica costeira protegida, com restingas, manguezais e até áreas de patrimônio histórico e arqueológico, como o Monumento Natural da Ilha do Campeche, onde está a maior concentração de gravuras rupestres do litoral brasileiro. O repórter Aldem Bourscheit ouviu a própria prefeitura, que defendeu que as UCs não serão eliminadas. Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) reforçam a legitimidade das áreas protegidas e alertam para os interesses privados da especulação imobiliária sobre os da proteção da biodiversidade.
De áreas protegidas para energia. A reportagem especial “O elo esquecido da transição”, por Ellen Nemitz, aponta como a eficiência energética pode ajudar a descarbonizar a indústria. O setor industrial – que responde por quase um terço do consumo de energia no país – é um dos grandes consumidores de energia térmica, gerada a partir da queima direta de combustíveis. A transição para fontes mais limpas esbarra em barreiras como o alto custo, a falta de conhecimento ou interesse dos empresários, a carência de mão-de-obra especializada e a baixa regulamentação. O principal gargalo está nas indústrias de pequeno e médio porte, que enfrentam os maiores custos unitários de energia e possuem o menor acesso a capital e tecnologia para investir em eficiência energética.
Em Uganda, a médica-veterinária Gladys Kalema-Zikusoka dá um exemplo de como a saúde deve ser uma pauta que reúne pessoas e biodiversidade numa só agenda. Em entrevista à repórter Duda Menegassi, a veterinária conta como seu trabalho para proteção dos gorilas-da-montanha andou junto com a melhoria da qualidade de vida das comunidades ao redor do Parque Nacional Floresta Impenetrável Bwindi. “E, ao mesmo tempo, as comunidades se importam mais com a vida selvagem porque mostramos que também nos importamos com elas”, afirma Gladys, eleita em 2021 como uma das “Campeãs da Terra”, a maior honraria ambiental dada pelas Nações Unidas.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Prefeitura, políticos e cientistas reagem à ameaça de extinção de UCs em Florianópolis
O elo esquecido da transição: como a eficiência energética pode ajudar a descarbonizar a indústria
Saúde única: a veterinária que uniu pessoas e gorilas em Uganda
· Conservação no Mundo ·
Após o fogo, renasce o jardim. No Chile, o Jardim Botânico Nacional Viña Del Mar rebrota uma vez mais. Os incêndios em fevereiro de 2024, que consumiram 360 hectares – o equivalente a 90% do jardim – e mataram quatro pessoas, destruindo o lar de mais de 1.300 espécies de plantas, entre elas árvores ameaçadas de extinção como a Toromiro (Sophora toromiro), deixaram um cenário de terra arrasada no local. Foi preciso replantar sobre as cinzas e hoje o jardim está praticamente todo recuperado. E com uma missão clara: reconstruir desde o solo às espécies nativas, e adaptar a paisagem para que a flora possa conviver com mais calor e menos água, num aceno à realidade da crise climática. [Ladera Sur]
Tem cheiro de formiga, mas é planta. Pesquisadores descobriram uma planta peculiar no Japão, capaz de imitar o cheiro de formigas “meio mordidas” para atrair polinizadores. Você não leu errado. Essa espécie (Vincetoxicum nakaianum), conhecida como “dogbane” por ser venenosa para cães, é a primeira planta conhecida capaz de copiar formigas. Ela aumenta suas chances de reprodução copiando o odor que as formigas liberam como um sinal de alarme para seus companheiros de ninho, quando são atacadas por predadores. Esse odor atrai também animais oportunistas, como moscas, que vão de planta em planta em busca dessas carcaças. [The Guardian]
· Dicas Culturais ·
• Para ler •
O Último Abraço da Matriarca: as emoções dos animais e o que elas revelam sobre nós | Frans de Waal (2019)
Neste livro, o primatólogo Frans de Waal, autor de livros como “Eu, primata”, leva o leitor para uma jornada pela riqueza emocional dos animais. A começar por Mama, uma velha matriarca de uma colônia de chimpanzés que formou um vínculo profundo com um pesquisador que a acompanhava. Como fio condutor para as histórias, o argumento de que nós, humanos, não somos a única espécie com a capacidade de amar.
• Para ver •
Vida de Inseto de Verdade (2ª Temporada, 2025)
Essa série documental original Disney+ da National Geographic chega em sua 2ª temporada com novas histórias – e novos insetos! – divididos em cinco episódios. Um deles dedicado a revelar os bastidores das filmagens dos seres minúsculos que protagonizam aventuras narradas pela atriz Awkwafina. Besouros-tigres em praias da Malásia, a aventura de mariposas-lua na noite, uma vaga-lume femme fatale que preda outros da espécie, e muito mais no minúsculo e fascinante mundo dos insetos.
