Notícias

Ecos de Marina

Lula tanto quis, que seu Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e sua política desenvolvimentista ganharam manchetes internacionais. Mas não exatamente pela pompa que levam, e sim por terem empurrado a ministra do Meio Ambiente para as margens do governo. Nesta terça-feira, quando a carta de demissão de Marina Silva chegou aos ouvidos da imprensa, os diários estrangeiros logo acionaram seus repórteres. Afinal, saía de cena a mulher que já teve o nome entre os políticos considerados mais verdes do mundo e num ranking que listava as 50 pessoas que poderiam salvar o planeta. A notícia rodou o mundo como mais um golpe na combalida Amazônia. Aqui ao lado, os vizinhos Chile e Argentina destacaram em seus principais jornais os desentendimentos políticos que levaram Marina a cair. O argentino Página 12 diz que o Brasil acaba de perder uma ministra de biografia que “poucos políticos são capazes de se igualar”, e relaciona a renúncia à fome por terra dos grandes produtores de soja: “É um duro revés para os defensores da Amazônia”. O conterrâneo Clarín frisa que as divergências dentro do governo já “se arrastavam desde o ano passado”, e o chileno El Mercurio põe a ex-ministra como uma das vozes mais fortes na proteção da floresta tropical. O New York Times também citou o caso dando ênfase no currículo ambiental de Marina. A reportagem a coloca como “renomada defensora da floresta tropical” e uma “estrela ambiental universalmente conhecida”. O diário, assim como o International Herald Tribune, comenta o fato de ela não ter acusado o presidente Lula como culpado direto pela demissão. No Reino Unido, o influente The Guardian deu a notícia como manchete na seção de meio ambiente. O texto começa em tom de lamentação, prevendo tempos difíceis para o maior bioma brasileiro: “O medo sobre o futuro da maior floresta tropical do mundo aumentou ontem”. Na Europa, o pedido de demissão também chamou atenção. O fato de Marina Silva ter entrado no governo como uma das pessoas de maior confiança de Lula e ter saído por desavenças foi ressaltado pelo diário espanhol El País: “A relação de ambos foi se desgastando devido ao claro apoio do presidente a outros ministérios voltados a fomentar o desenvolvimento na Amazônia”. Já o francês Le Monde afirma que a ex-ministra deixou a pasta após cinco anos tentando proteger o Brasil de “interesses econômicos predatórios”. Não era bem essa imagem que Lula queria lá fora. Com tantos confetes sobre a figura de Marina Silva, o presidente pode ficar em maus lençóis, como lembra nosso colunista Sergio Abranches.

Redação ((o))eco ·
14 de maio de 2008 · 16 anos atrás

Leia também

Notícias
6 de setembro de 2024

Jornalismo investigativo na Amazônia: cobertura de crimes ambientais em locais de risco

Seminário de Jornalismo Ambiental ((o))eco discutiu métodos de apuração em diferentes biomas, segurança em campo e programas de mentoria

Notícias
6 de setembro de 2024

Fortaleza sedia o primeiro Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental realizado no Nordeste

A 8ª edição do CBJA, híbrido e com inscrições gratuitas, será nos dias 19, 20 e 21 de setembro e contará com importantes jornalistas ambientais do País

Colunas
6 de setembro de 2024

Tendências e soluções para a descarbonização do setor de transporte

Principal usuário de combustíveis fósseis em todo o mundo, a dimensão do setor de transportes de pessoas e cargas exige abordagem multidisciplinar e com tecnologias diversas

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.