O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reuniu-se com ciclistas da capital na manhã desta sexta-feira, 22, para discutir medidas para estimular o uso da bicicleta como transporte, garantir mais segurança aos usuários e acalmar o trânsito na cidade. O encontro foi agendado após manifestação realizada no último domingo, 17, quando um grupo pedalou e protestou na porta da casa do próprio prefeito. Além de representantes dos ciclistas da cidade, também estiverem presentes outros representantes do poder público, incluindo Chico Macena, secretário de Coordenação das Subprefeituras, e Ronaldo Tonobohn, Superintendente de Planejamento da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP).
Encontro de prefeito Haddad (ao centro) com cicloativistas. Foto: Felipe AragonezA pauta conjunta de demandas foi apresentada por Jéssica Marttineli e Gabriel Di Pierro, diretores da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), entidade criada com o objetivo de fortalecer o diálogo de cicloativistas da cidade com o poder público. Os principais pontos levantados foram: necessidade de participação permanente e efetiva da sociedade civil na tomada de decisões relacionadas ao uso da bicicleta na cidade e transparência total das ações; campanhas educativas para estimular o respeito ao uso da bicicleta como transporte; e medidas de acalmamento de trânsito, com redução da velocidade em mais vias. Também foram levantadas a necessidade de integração nas ações tomadas por diferentes pastas e subprefeituras relacionadas a este modal e o orçamento necessário para transformações efetivas.
Felipe Aragonez, diretor do Instituto CicloBR, outra associação que também têm realizado importantes articulações junto ao poder público para conseguir mudanças, mostrou-se satisfeito com os resultados do encontro. “O prefeito mostrou-se aberto para discutir com os ciclistas e se mostra favorável ao uso da bicicleta como meio de transporte”, avalia.
Trânsito na Avenida 23 de Maio, uma das principais de São Paulo. Foto: Daniel Santini Acalmar o trânsito da cidade, com redução da velocidade nas vias, é uma das metas que devem ser cumpridas durante a gestão atual. Durante a campanha para Prefeitura de São Paulo, ainda quando era candidato, Haddad assinou uma carta compromisso com a mobilidade por bicicletas, comprometendo-se a tomar as seguintes providências, conforme o texto apresentado:
“1) Desenhar um plano cicloviário para toda a cidade baseado em estudos e pesquisas, criando uma rede de ciclovias, ciclofaixas e rotas de bicicleta que garantam deslocamentos seguros e confortáveis aos cidadãos. Executar o plano de acordo com os prazos anunciados para projetos e obras.
2) Aumentar em 0,25% por ano o orçamento municipal de transportes destinado à mobilidade por bicicletas por meio do Plano Plurianual, atingindo 1% do total de recursos em 2017.
3) Promover a participação da sociedade civil, implantando o Conselho Municipal de Transportes, garantindo o acesso fácil à informação e estabelecendo mecanismos efetivos de diálogo formal com a sociedade sobre programas, projetos e ações de interesse dos ciclistas.
4) Integrar a bicicleta ao transporte público, criando redes cicloviárias ao redor dos terminais de ônibus, estações de metrô e de trens. Instalar e manter bicicletários integrados aos terminais e estações, que sejam gratuitos, adequados à demanda e com o mesmo horário de funcionamento do transporte coletivo.
5) “Acalmar” o trânsito, com adoção do limite de velocidade de 50km/h em avenidas, ampliação das “zonas 30km/h” dentro dos bairros e instalação de dispositivos como rotatórias, faixas de pedestre elevadas, sinalização horizontal e outros.
6) Garantir a travessia segura de pedestres e ciclistas em todas as pontes dos rios Pinheiros e Tietê e suas alças de acesso, com a construção de calçadas, faixas de pedestres e ciclovias ou de pontes específicas para esses.
7) Desenvolver e implementar um Plano Diretor que estimule a redução dos deslocamentos, garantindo a distribuição equilibrada de moradias, serviços, empregos, infraestrutura, equipamentos culturais e de lazer por toda a cidade. Restringir a ação da especulação imobiliária, permitindo a densificação sem que haja verticalização excessiva.
8) Desestimular o uso do automóvel, aumentando as restrições de circulação e estacionamento em via pública, ampliando calçadas e calçadões e dando prioridade absoluta aos investimentos no transporte coletivo e na mobilidade de pedestres e ciclistas.
9) Desenvolver campanhas e programas permanentes de educação para todos que participam do trânsito, privilegiando o deslocamento seguro de pedestres e ciclistas. Intensificar a fiscalização dos comportamentos que colocam em risco a vida e ampliar as ações para locais e horários que hoje não têm fiscalização (noites, regiões periféricas e interior dos bairros).
10) Melhorar a convivência dos serviços de transporte público sobre pneus (ônibus e taxis) com as bicicletas, implantando programas de educação e reciclagem permanente de todos os condutores. Garantir condições adequadas de trabalho aos motoristas, privilegiando a direção segura em detrimento da pressa”.
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