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Desmatamento na Mata Atlântica é o maior desde 2008

Levantamento do INPE e a SOS Mata Atlântica incluiu pela primeira vez o Piauí. O estado campeão de desmatamento foi Minas Gerais.

Daniele Bragança ·
4 de junho de 2013 · 12 anos atrás
Operação Mata Atlântica do Ibama flagra desmatamento na área de amortecimento do Parque Nacional do Caparaó/ES, em 2012. Foto: Luciana Carvalho/Ascom/Ibama/ES.
Operação Mata Atlântica do Ibama flagra desmatamento na área de amortecimento do Parque Nacional do Caparaó/ES, em 2012. Foto: Luciana Carvalho/Ascom/Ibama/ES.

Voltou a crescer o desmatamento na Mata Atlântica, bioma do qual resta apenas 8,5% da mata original. Em um ano, a floresta perdeu 23,5 mil hectares (ou 235 Km²) de vegetação. As informações são do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgados hoje (04) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Fundação SOS Mata Atlântica. Desde 1985, quando o desmatamento da Mata Atlântica começou a ser medido, até agora, o bioma perdeu 1.826.949 hectares, ou 18.269 km2 – o equivalente à 12 vezes a área territorial da cidade de São Paulo.

Não por acaso é o bioma mais ameaçado do país. De acordo com os novos dados, 93% dos 23,5 mil hectares (ou 21,9 mil hectares) de vegetação suprimida entre 2011 e 2012 foram de corte raso (desmatamento), 1,5 mil hectares a supressão de vegetação de restinga e 17 hectares a supressão de vegetação de mangue.

Pela primeira vez foi incluído o território do Piauí nos dados do Atlas. Com esse acréscimo, a estimativa do que resta do bioma subiu para 8,5%, contra o número anterior de 7,9%. O levantamento não contabiliza fragmentos de menos de 100 hectares. Se contados também todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima de 3 hectares, o total chega a 12,5% (cerca de 16,3 milhões de hectares).

Com a inclusão do Piauí, o levantamento por satélite conseguiu mapear toda a área de aplicação da Lei da Mata Atlântica. Infelizmente, por causa das nuvens, só foi possível visualizar 81% do território ocupado pelo bioma.

A Mata Atlântica está presente em 17 estados e em 3.284 municípios, de acordo com o IBGE. Destes, 2.481 municípios possuem a totalidade dos seus territórios no bioma e mais 803 municípios estão parcialmente inclusos.

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Estados campeões de desmatamento

Pela quarta vez consecutiva, Minas Gerais foi o estado que mais desmatou. Minas foi responsável por 50% da perda de vegetação entre 2011 e 2012, que foi de 10.752 hectares de mata, um aumento de 70% na taxa de desmatamento, comparado com o período anterior.

Apesar de muito desmatar, e dos esforços para tornar a lei florestal estadual mais flexível que o Código Florestal vigente, mais de 10% do território de Minas Gerais ainda é coberto por Mata Atlântica. A região mais crítica é o Vale do Jequitinhonha, no noroeste do estado.

Bahia ficou em segundo lugar no ranking, com 4.516 hectares de florestas nativas desmatadas.

Monitorado pela primeira vez, o Piauí ficou em terceiro lugar com perda de  2.658 hectares de mata. “As áreas do Piauí abrangidas pelo Mapa da Aplicação da Lei possuem formações florestais naturais características do bioma em bom estado de conservação, mas a pressão das carvoarias, silvicultura e agora também da soja é grande no Estado“, explica Marcia Hirota, coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica.

Em quarto vem Paraná, que teve aumento de 50% na taxa de desmatamento comparado com o período passado de 2011 e 2010. No último ano, perdeu 2.011 hectares. Pernambuco foi o único estado que perdeu área de manguezal: 17 hectares.

Desmatamento de restinga

O maior desmatamento na vegetação de restinga (observada ao longo do litoral) aconteceu em São João da Barra (RJ), com 937 hectares, para implantação do Superporto do Açu. Segundo o levantamento, as principais causas de perda de vegetação de restinga são obras de infraestrutura e especulação imobiliária. As restingas perderam área também na Bahia (32 hectares), no Ceará (319 ha), em Santa Catarina (257 ha) e em Sergipe (10 ha).

Exemplos positivos

Os estados do Espírito Santo e Mato Grosso do Sul reduziram o desmatamento, respectivamente 93% e 92%.

No Piauí, localizam-se as duas cidades com maior porcentagem de vegetação nativa: Tamboril do Piauí e Guaribas mantêm 96% da área original de Mata Atlântica. Guaribas também é o município com a maior área absoluta de vegetação nativa: 176.794 hectares.

Os dados foram apresentados nesta terça-feira (04/06) Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE; Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, e Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica.


  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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