Um grupo de ambientalistas argentinos bloqueou no sábado (16) a rodovia 015, no departamento de Concórdia, no nordeste do país, para evitar que um comboio de caminhões seguisse para o Uruguai. Eles carregavam equipamentos usados para a detecção de gás de xisto e estavam indo em direção a região onde se localiza o Aquífero Guarani.
A exploração de xisto é realizada através da técnica do fraturamento hidráulico, o chamado fracking. Diferentemente do gás natural e do petróleo, que ocorrem em estruturas geológicas e nichos próprios, o gás de xisto é encontrado aprisionado em pequenas bolhas de formações rochosas altamente impermeáveis. A extração desse recurso é feita da seguinte maneira: para extrair o gás de xisto é necessário fraturar a rocha, injetando sob ela grandes quantidades de água, explosivos e substâncias químicas, que podem ocasionar vazamentos e a contaminação de aquíferos de água doce que ocorrem acima do xisto. É um processo de extração extremamente invasivo da camada geológica, cujos impactos ambientais ainda não são totalmente conhecidos, mas que podem ser irreversíveis para o meio ambiente.
O ambientalista Franco Scatone, da Assembleia Ambiental de Concordia, organização que luta contra o fracking, participou da ação e afirmou que o bloqueio se deve ao temor de que os testes sejam um pretexto para fazer fracking para valer. “Eles dizem que vão explorar, mas quando eles têm os caminhões no local, sei que vão explodir e aí vem o fracking. A ideia é que os caminhões não progridam porque vemos o dano direto ao meio ambiente”.
A intervenção do grupo contou com o apoio e participação da COESUS Brasil – Coalizão Não Fracking Brasil e pela Sustentabilidade – e COESUS Argentina, além da 350.org Brasil, entidade internacional que denuncia as mudanças climáticas e luta contra a exploração do fracking na América Latina.
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