Morreu neste sábado (25/12), em Washington (EUA), o biólogo, ecologista e ambientalista norte-americano Thomas E. Lovejoy, vítima de câncer no pâncreas. Considerado “pai da biodiversidade”, Lovejoy estudava a Amazônia havia mais de 55 anos e era considerado um dos biólogos conservacionistas mais importantes da atualidade.
Sua capacidade de transitar com a mesma habilidade entre a selva, produzindo ciência, e as salas de governos, discutindo políticas ambientais, valeu a ele uma carreira marcada por contribuições fundamentais à compreensão e defesa da biodiversidade.
Formado em biologia pela Universidade de Yale, Lovejoy foi à Amazônia pela primeira vez em 1965 para fazer o doutorado. Não saiu mais. Ao lado de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), ele ajudou a criar e, desde os anos 1970, liderava um experimento de grande escala que investiga o funcionamento de fragmentos florestais e os efeitos do desmatamento sobre a biodiversidade de espécies de animais e plantas. O trabalho, desde seu início, norteou o planejamento e criação de áreas de preservação na floresta tropical brasileira.
“Sempre fui fascinado por diversidade biológica e imaginava ter uma vida cheia de aventuras científicas. A Amazônia era esse mundo selvagem inacreditável e tropical. Era como se eu tivesse morrido e chegado ao Paraíso”, disse Lovejoy, em 2015, em entrevista concedida à Agência Fapesp.
Esse seu fascínio pela floresta tropical o levou, além da intensa produção científica, a ocupar muitas posições de destaque, nacional e internacionalmente. Thomas Lovejoy foi conselheiro para assuntos ambientais do Banco Mundial, do Instituto Smithsonian e dos governos Reagan, Bush e Clinton. Foi também vice-presidente executivo do Fundo para a Natureza da WWF e, no Brasil, foi interlocutor de vários governos para a formulação de políticas públicas.
Foi o responsável por cunhar a expressão “diversidade biológica”, hoje de uso corriqueiro, e era considerado um dos principais líderes do movimento ambientalista. Dentre seus feitos, Lovejoy elucidou o conceito de “Tamanho Mínimo Crítico” para os ecossistemas e previu possíveis extinções em massa decorrentes da destruição ambiental.
Ao longo de sua carreira, Lovejoy preparou muitos mestres e doutores e foi figura fundamental nos apelos à comunidade internacional sobre os problemas ambientais na Amazônia.
Tem grande bibliografia publicada e recebeu diversos prêmios durante sua longa carreira como pesquisador. A espécie Polycyrtus lovejoyi foi batizada em sua homenagem.
Thomas Lovejoy descobriu o câncer no pâncreas, já em estágio avançado, no início de 2021. Ao longo do ano passou por intenso tratamento, que resultou sem sucesso. No último dia 21, o biólogo foi transferido para sua casa, assim como era seu desejo, onde faleceu, ao lado de sua família.
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Triste realidade…
Estradas sendo abertas com outros objetivos, destruindo áreas de parques, de terras indígenas, de comunidades ribeirinhas… resumindo, destruindo vida! Como podem ser tão cegos pela ganância e não ver que destroem a si mesmos! Afinal, somos todos UM!
Depois de T.Lovejoy, no dia seguinte o Mundo perde Edward O. Wilson. Que tristeza dupla.
Demorará muito para que suas inteligências e sensibilidades sejam repostas. Que época dura vivemos.
Duas grandes perdas para a Ciencia! Mentes brilhantes.