O meio ambiente e a questão climática deram o tom do discurso de Lula (PT) na Cúpula Sobre o Novo Pacto de Financiamento Global, realizado em Paris, França, na manhã desta sexta-feira (23).
Em sua fala, no entanto, o presidente aproveitou para relacionar a questão ambiental com outras agendas, consideradas por ele essenciais no combate às mudanças climáticas, como a reformulação de grandes organizações mundiais, a exemplo do Conselho de Segurança da ONU e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Se nós não mudarmos essas instituições, a questão climática vira uma brincadeira”, disse Lula.
De acordo com ele, tais órgãos deveriam retomar a força que tiveram um dia, para liderar os chamamentos globais para a ação climática.
“Quem é que vai cumprir as decisões emanadas dos fóruns que nós fazemos? É o Estado Nacional? Vamos ser francos: quem é que cumpriu o Protocolo de Quioto? Quem é que cumpriu as decisões da COP-15, em Copenhague? Quem é que cumpriu o Acordo de Paris? Ou seja, não se cumpre porque não tem uma governança mundial com força para decidir as coisas e a gente cumprir”, disse.
Para Lula, a reformulação dos organismos internacionais passa pela garantia da representatividade entre nações ricas e pobres.
“Esses fóruns não podem ser um grupo de luxo. A elite política. Não. Nós temos que chamar os desiguais, os diferentes, para que a gente possa atender a pluralidade dos problemas que o mundo tem.”
Em fala contundente, o presidente também relacionou o problema da desigualdade social com a eficácia das medidas de combate às alterações no clima.
“Eu não vim aqui para falar somente da Amazônia. Eu vim aqui para falar que, junto com a questão climática, nós temos que colocar a questão da desigualdade mundial. Não é possível que numa reunião entre presidentes de países importantes, a palavra desigualdade não apareça”, disse.
“Se nós não discutirmos essa questão da desigualdade, e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo”, continuou ele.
Durante o discurso, Lula também voltou a citar seu compromisso com o desmatamento zero até 2030 e a proteção dos demais biomas brasileiros.
“Vamos colocar isso como questão de honra, de até 2030 acabar com o desmatamento na Amazônia. O Brasil tem 30 milhões de hectares de terras degradadas, não precisa cortar uma árvore para plantar um pé de soja, um pé de milho ou criar gado. É só recuperar as terras degradadas […] E nós não temos apenas a Amazônia para cuidar. Nós temos o bioma do cerrado, nós temos o bioma da caatinga, nós temos o bioma do Pantanal, nós temos o bioma da Mata Atlântica.”
A Cúpula Sobre o Novo Pacto de Financiamento Global é um encontro organizado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para discutir novas formas de financiamento climático global. Isto é, para debater sobre quem paga a conta das mudanças no clima.
O encontro contou com a participação de mais de 300 entidades públicas, privadas ou não governamentais, incluindo mais de 100 chefes de Estado, entre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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