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Jardim de Alah, no Rio, terá manifestação neste sábado contra corte de árvores

Protesto organizado pela Associação de Moradores do Jardim de Alah contra atual projeto de revitalização está marcado para este sábado de manhã (22/02)

Duda Menegassi ·
20 de fevereiro de 2025

O Jardim de Alah é um parque urbano situado às margens de um curso d’água que conecta a Lagoa Rodrigo de Freitas ao mar, na zona sul do Rio de Janeiro. A área verde que acompanha o canal foi objeto de concessão pela Prefeitura do Rio em 2023 e tornou-se palco de uma queda de braço depois que veio à tona, no início de fevereiro, o projeto de revitalização do parque, que inclui o corte de 130 árvores e construção de pontos comerciais ao longo do canal. A Associação de Moradores do Jardim de Alah convoca para este sábado (22), das 9:30 às 10:30 da manhã, uma manifestação no jardim contra a retirada das árvores e a descaracterização do parque.

Em comunicado, a concessionária Rio+Verde, responsável pelo empreendimento, justifica que a supressão das 130 árvores foi autorizada por “diversos motivos, incluindo doença, decesso e a inadequação de espécies exóticas cujas raízes destroem a infraestrutura pública e impedem a acessibilidade das calçadas”. Além disso, informa que “serão plantadas cerca de 300 novas árvores” no parque, além da compensação ambiental de plantio de mais 1.300 em locais a serem definidos pela Secretaria de Meio Ambiente da Cidade (SMAC).

De acordo com o levantamento arbóreo do projeto, das 299 árvores – número exato – que serão plantadas no Jardim de Alah, 95 são palmeiras, o que significa uma copa menor e menos sombra do que uma árvore frondosa.

Pouco mais da metade das árvores marcadas para remoção são espécies exóticas. 

Na lista das 57 árvores nativas a serem removidas estão alguns exemplares de copas largas e frondosas de espécies como o ipê-rosa (Handroanthus heptaphyllus), o ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus), o pau-ferro (Libidibia ferrea), a babosa-branca (Cordia superba) e a canafístula ou farinha-seca (Peltophorum dubium) com indivíduos de até 78 centímetros de diâmetro de tronco.

O projeto prevê ainda a transplantação de um jovem pau-brasil (Paubrasilia echinata), situado às margens do canal, e outras 11 árvores nativas ainda em estágio inicial de desenvolvimento.

As árvores darão espaço para novas calçadas, ciclovias, rampas e edificações. Ainda conforme o levantamento, serão mantidas outras 551 árvores já existentes no Jardim.

Vista área do projeto proposto para revitalização do Jardim de Alah. Foto: Prefeitura do Rio/Divulgação

Segundo o memorial descritivo do Parque Jardim de Alah, as construções incluem: uma alameda de lojas, praça de alimentação e estacionamento; creche; quadra coberta; seis quiosques; e sanitários públicos. De acordo com outro documento, “o espaço é público com administração particular, haverá trechos com fluxo vigiado e período de acesso limitado em função do uso comercial e escolar”.

A concessão do Jardim de Alah foi celebrada em novembro de 2023, após a vitória do Consórcio Rio+Verde – formado pelas empresas Accioly Participações, DC Set Group, Opy Soluções Urbanas e Pepira – na licitação. O contrato, com duração de 35 anos, prevê investimentos de mais de R$ 110 milhões no parque.

Um abaixo-assinado organizado pela Associação dos Moradores do Jardim de Alah em março de 2023 já protestava contra o modelo de concessão adotado pela prefeitura, que abre espaço para exploração comercial por meio de lojas, quiosques, restaurantes e eventos.

O Jardim de Alah cobre uma área de aproximadamente 95 mil metros quadrados situada entre os bairros de Ipanema e Leblon, na zona sul do Rio. Em 2000, o jardim foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), como parte da Lagoa e seu entorno, reconhecido então como patrimônio cultural brasileiro. E em 2001, a área foi tombada novamente, dessa vez como patrimônio municipal.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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