A mineração ilegal tomou uma proporção epidêmica na Amazônia. É o que aponta um mapa elaborado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg) e lançado na segunda-feira (10). O mapa mostra a distribuição da atividade e seus impactos socioambientais na região.
O estudo identificou 2.312 pontos e 245 áreas de garimpo ou extração de minerais, como ouro, diamantes e coltan. Além disso, foram mapeados 30 rios afetados pela atividade ou por rotas para a entrada de máquinas, insumos e pela saída de minerais. Cada ponto traz informações sobre o mineral extraído, o método de exploração, a data e a presença de insumos contaminantes, especialmente o mercúrio. É a primeira vez que uma base única reúne informações de seis países amazônicos sobre o garimpo ilegal.
A plataforma aponta quais terras indígenas são mais afetadas pela atividade na Amazônia em países como a Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. Em relação à Guiana, Guiana Francesa e Suriname, não foi possível encontrar dados consistentes sobre o tema, embora os garimpos ilegais ocorram nesses locais.
Segundo os dados da Raisg, entre 6.207 territórios indígenas, 78 apresentam atividades garimpeiras em seu limite ou no entorno. Desses 78, a maioria (64) estão localizadas no Peru. Com relação às terras indígenas com garimpo ilegal dentro de seus limites, o Brasil possui 18 casos entre os 37 identificados.
“A incidência de garimpo ilegal na Amazônia, especialmente em territórios indígenas e áreas naturais protegidas, tem crescido exponencialmente nos últimos anos com o aumento do preço do ouro. No entanto, é uma das pressões menos pesquisada, em relação ao desmatamento para expansão da pecuária, por exemplo, devido também aos riscos associados ao seu mapeamento. Por isso, a Raisg decidiu incluí-la como uma das questões que necessitam de monitoramento contínuo, especialmente por seus impactos sociais e ambientais “, diz o coordenador geral da Rede, Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (ISA).
O mapa foi produzido por uma rede de grupos ambientais não-governamentais em seis países amazônicos – FAN na Bolívia, Gaia na Colômbia, IBC no Peru, Ecociência no Equador, Provita e Wataniba na Venezuela, e Imazon e o Instituto Socioambiental no Brasil.
Ainda sobre o tema, a Raisg, em parceria com a Infoamazonia, disponibiliza um storymap com mapas ilustrativos, vídeos, fotos, infográficos e entrevistas detalhando casos, e trazendo outras fontes de informação complementar.
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