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Mineradoras de olho nas Unidades de Conservação no Sul do Amazonas

Ministério Público Federal abriu inquérito civil público para investigar impactos provocados pela mineração em áreas protegidas no Amazonas

Vandré Fonseca ·
3 de abril de 2017 · 8 anos atrás
Mapa: DNPM.
Mapa: DNPM.

Manaus, AM — O Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM) confirmou a existência de mais de 200 pedidos de pesquisas para a exploração de minério nas área que parlamentares do Amazonas querem excluir de Unidades de Conservação no Sul do estado. A informação foi passada ao Ministério Público Federal, que investiga possíveis impactos sociais e ambientais da mineração em áreas de preservação no Amazonas.

De acordo com o DNPM, estes pedidos foram feitos antes das Unidades de Conservação serem incluídas no mapa oficial do departamento para análise e estudo de prioridade com base em coordenadas geográficas, o que só ocorreu em 2017. Neste sistema, segundo informações dadas pelo DNPM ao Ministério Público, estão informações sobre áreas requeridas, faixa de fronteira, Unidades de Conservação e Terras Indígenas.

Em fevereiro, um cruzamento de dados realizado pelo WWF já demonstrava autorizações de pesquisa e pedidos de lavra que coincidiam justamente com as áreas que parlamentares queriam excluir das Unidades de Conservação criadas no ano passado no Amazonas. Para o WWF, a extração de ouro, diamante, nióbio e outros minerais poderiam estar relacionadas ao projeto de lei apresentado pelos parlamentares do Amazonas.

Com base em uma nota técnica do Instituto Socioambiental, que apontou interesses de mineradores, latifundiários, políticos — entre eles, o senador Ivo Cassol (PP-RO) — e empresas de energia na redução ou extinção de áreas protegidas no Sul do Amazonas, o MPF instaurou um inquérito civil público, no dia 21 de março. A investigação tem prazo de um ano para ser concluída.

A proposta dos parlamentares amazonenses eliminaria a Área de Proteção Ambiental de Campos de Manicoré e reduziria o Parque Nacional de Acari, a Reserva Biológica de Manicoré e as Florestas Nacionais de Urupadi e Aripuanã. São três unidades de uso sustentável e duas de proteção integral, criadas em maio de 2016, pouco antes da ex-presidente Dilma Rousseff sofrer o impeachment. Inicialmente previstas para ocupar 4 milhões de hectares, foram revistas e reduzidas para 2,7 milhões de hectares. Para o MPF, não existem irregularidades ou ilegalidades no processo de criação das Unidades de Conservação que justifiquem a anulação ou revisão dos procedimentos que indicaram a área a ser protegida. De acordo com o MPF, foram realizados estudos técnicos que classificaram a área como de importância biológica “muito alta” ou “extremamente alta”. Além disso, foram realizadas reuniões e consultas públicas antes da criação.

O MPF também requisitou informações ao Ministério do Meio Ambiente e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Os procuradores querem saber o posicionamento técnico dos órgãos ambientais, caso tenho recebido algum projeto de lei ou proposta para reduzir as áreas de proteção.

 

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