Morreu, na última sexta-feira (8), aos 72 anos, o pesquisador Alberto Waingort Setzer, idealizador do programa de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Setzer foi vítima de um infarto fulminante, enquanto se exercitava, durante viagem com familiares no litoral norte de São Paulo.
Alberto Setzer estruturou e comandou o Programa Queimadas de 1985 a 2020. Nos últimos anos, apesar de não estar mais no comando da iniciativa, o pesquisador continuava sendo uma referência muito participativa na área, com contribuições científicas e atuação em palestras e eventos. Ele se preparava para se aposentar do Instituto.
Alberto Setzer era graduado em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia Mauá (1973), com mestrado em Engenharia Ambiental pelo Technion Institute of Technology (1977), doutorado em Engenharia Ambiental pela Purdue University (EUA- 1982) e pós-doutorado no Joint Research Center/CCE (Itália -1993).
Pesquisador Titular do INPE, na Coordenação-Geral de Ciências da Terra (CGCT), desenvolveu projetos operacionais, pesquisas e atividades acadêmicas nos temas de monitoramento de queimadas com imagens de satélites, risco de fogo da vegetação e meteorologia antártica.
Dentre suas realizações, estão a implementação da rede da NASA de fotômetros solares AeroNet no Brasil, na década de 1990, o projeto de Meteorologia Antártica do Brasil, de 1984 a 2010 – o que incluiu 25 operações antárticas -, mapeamento das áreas queimadas com imagens Landsat e o monitoramento operacional de queimadas e incêndios florestais, desde 1985.
Em 2021, Setzer contou, em entrevista exclusiva a ((o))eco, como o monitoramento das queimadas na Amazônia começou a partir de um “entendimento equivocado” sobre o que realmente estava acontecendo com a floresta tropical.
Sua morte causou comoção dentro e fora da comunidade científica.
“É com imensa tristeza que o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) recebe a notícia sobre a partida de Alberto Setzer, pesquisador sênior do Inpe […] Seu trabalho se confunde com a própria história da política ambiental e do estudo do fogo no mundo. O Brasil perde um grande cientista e realizador. Se hoje temos um portal de excelência com dados diários sobre fogo, isso se deve ao Setzer, pai do monitoramento de fogo”, declarou Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.
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