“O Vale do Javari continua esquecido”, critica Beto Marubo sobre os quase doze meses de gestão do presidente Luís Inácio Lula da Silva em relação às políticas públicas para os povos indígenas da região no extremo Norte do Brasil. De passagem pelo Rio de Janeiro, na última semana, para o lançamento do livro Megaflorestas – preservar o que temos para salvar o planeta, de John W. Reid e Thomas E. Lovejoy, Marubo conversou com ((o))eco sobre falta de orçamento e interesse de parte da gestão petista pelos povos da floresta.
“Vejo que não há interesse de alguns setores do governo, apesar das circunstâncias e da nossa situação ter ganhado o mundo inteiro, da repercussão que o caso [os assassinatos de Bruno e Dom] teve, não há interesse e sensibilidade do governo Lula”, explica.
Mesmo com a visibilidade mundial que a região ganhou após os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, há 1 ano e meio, Marubo critica a falta de ações concretas.
“Um ano de governo Lula, e as coisas ainda não aconteceram, conforme a gente imaginava. Foi montado um Grupo de Trabalho para a nossa população, o que chamamos de “o retorno do Estado para o Vale do Javari”, mas ainda não saiu do papel, está na base das ideias, não há orçamento…”, explica.
Há uma diferença no Lula que sobe a rampa em 1º de janeiro de 2023, de braços dados com cacique Raoni Metuktire e o presidente que governa hoje, segundo Marubo.
“Estive recentemente com o cacique Raoni, liderança kayapó, ele ficou uma semana em Brasília querendo falar com o presidente Lula. E não conseguiu agenda, não foi recebido. É um exemplo. Raoni só queria ter um momento com o presidente para apresentar a realidade do que vem acontecendo nos territórios indígenas”.
A solução para Marubo é o governo de Lula assumir seus compromissos com os povos indígenas e não ceder às pressões do Congresso Nacional.
“Em muitas pautas, se o governo não tomar a dianteira e não sair dessa bravata, infelizmente vai ser um ano perdido. Muito em função da pressão de ruralistas e deputados da bancada ruralista contra o governo”, aponta ele.
Leia também
Amazônia em guerra: morte de Dom e Bruno escancara situação de abandono de Terras Indígenas do país
Jornalista e indigenista foram executados no Dia do Meio Ambiente. Área onde ocorreu o crime é dominada por traficantes, garimpeiros e madeireiros ilegais →
Megaflorestas podem salvar a humanidade, aponta livro de John Reid e Thomas Lovejoy
John Reid conversou com ((o))eco sobre a importância das florestas para o clima e para a sobrevivência da humanidade. Seu livro Megaflorestas – preservar o que temos para salvar o planeta, está à venda no Brasil →
Descaso vitima índios no Vale do Javari
A história da vida e da morte de Sabá Mayoruna revela a inoperância do governo brasileiro em garantir atendimento adequado à saúde indígena. →
O órgão vive de criar fantasia e ilusão para os assentados até quando, CGU não fiscaliza mais o órgão, TCU já fez tudo que podia, MPF já abriu mil procedimentos que terminam todos arquivados… Assentado é escravo eterno.