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ONG dispara contagem regressiva para extinção do cervo-do-pantanal no RS

Motivos seriam caça, ataques de cães e fiscalização precária. Sema/RS sugere análises mais efetivas sobre a população local

Aldem Bourscheit ·
19 de março de 2024

O cervo-do-pantanal no Rio Grande do Sul pode se tornar mais uma vítima da mão humana. Caça, ataques de cães domésticos e suposta fiscalização precária pressionam a espécie no Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos e na Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande, no entorno da capital Porto Alegre.

Conforme o Instituto Curicaca, entidade civil parte do programa de conservação do mamífero no estado sulista, o Procervo, o isolado grupo de cervos pode desaparecer em até 5 anos se essas pressões crescentes não forem controladas.

O alerta é baseado em estudos continuados de cientistas ligados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Um deles mostrou que os hábitos dos animais se tornaram mais noturnos tentando driblar os riscos. Outros vêm quantificando os cervos com imagens térmicas de drones. O número de animais teria caído pela metade: de 17, em 2022, para 8, em 2023.

Gestora das unidades estaduais de conservação, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul (Sema) reconhece a importância do estudo sobre declínio da população de cervos, “ainda não publicado em revista científica”, e afirma que se reuniu com o orientador do trabalho para sugerir alterações na metodologia de amostragem da espécie.

“As populações pesquisadas são ativas e requerem análises mais efetivas, com o auxílio de outros equipamentos além de drones, como câmeras trap, conhecidas como armadilhas fotográficas, já utilizadas pelo parque no monitoramento das espécies que ali habitam”, detalhou por email a Assessoria de Imprensa do órgão estadual.

A espécie que habitava inúmeros ambientes alagados em países da América do Sul tem seu território cada vez mais restrito pela caça, destruição de habitats e ataques de animais domésticos. Foto: PxHere/Fototravessia

O cenário pode ser ainda mais crítico porque a população gaúcha do cervo-do-pantanal vinha se recuperando, de apenas 8, no início dos anos 1980, para estimados 30 animais, em 2012, diz o Instituto Curicaca. A Área de Proteção Ambiental foi criada em 1998 e, o Refúgio de Vida Silvestre, decretado em 2002. 

Proteger os cervos-do-pantanal que restam é vital para manter a biodiversidade brasileira, a variabilidade genética daquela população e, se futuramente for viável, até realocar espécimes semelhantes de outras regiões do país para reforçar a população local, avalia aquela entidade civil. 

Nesse sentido, a Sema/RS garante que “realiza ações de conscientização com a comunidade local com o objetivo de incentivar denúncias e avisos de avistamentos da espécie [cervo]”, que podem ser feitos pelos canais oficiais 0800 031 2146, [email protected] ou https://secweb.procergs.com.br/sra/

Atual e histórica distribuições do cervo-do-pantanal, em regiões do Brasil, Bolívia, Peru, Paraguai, Uruguai e Argentina. Fonte: Cervos-do-pantanal em áreas com maior distúrbio humano são mais noturnos (Douglas de Oliveira Berto; UFRGS, 2021)

Maior cervídeo da América do Sul e uma das 8 espécies brasileiras, o cervo-do-pantanal viveu no passado em inúmeras áreas no Brasil, Bolívia, Peru, Paraguai, Uruguai e Argentina. Atualmente, suas populações estão restritas a uma fração do território ancestral.

  • Aldem Bourscheit

    Jornalista cobrindo há mais de duas décadas temas como Conservação da Natureza, Crimes contra a Vida Selvagem, Ciência, Agron...

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Comentários 2

  1. Manfredo Rosa diz:

    Pronto. A Amazônia está sob controle. Agora o alvo é o Pantanal. Pobre Brasil. Nunca foi um país em si, para si. E, muito provavelmente, nunca chegará a ser. Feitores de plantão não faltam para garantir a submissão.


  2. LUIS diz:

    Deixar um tesouro como o cervo nas mãos de um orgão totalmente incompetente como é a nossa Sema é uma tragédia. Infelizmente esses animais estão orfàos de um cuidado governamental.