Quatorze indígenas da etnia Uru-Eu-Wau-Wau e dois agentes da Funai estão, desde o último sábado (18), envolvidos na limpeza e organização de uma base de fiscalização do órgão federal que está há vários anos abandonada em Rondônia. A expectativa é que ela possa ser reativada para conter invasões.
A base fica dentro do Território Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, no centro do estado de Rondônia, em local que dá acesso ao interior da unidade. Segundo a Associação indígena Japau, a entrada é um dos principais pontos de invasão de grileiros e desmatadores ilegais.
O imóvel foi inaugurado em 2016, mas manteve-se ativo somente nos primeiros meses após sua abertura. A justificativa da Funai é que não haveria recursos para manter a base aberta.
Em conversa com ((o))eco, a indigenista Ivaneide Bandeira Cardoso, conhecida como Neidinha Suruí, revelou que a mobilização indígena pela reabertura da base ocorreu depois de muitos pedidos para que o órgão federal desse mais atenção ao local.
“Esse é um ato de uma coragem enorme, para impedir e estancar as invasões naquele ponto. A gente passou esses anos todos dizendo para a Funai que era por ali que os caras entram e o órgão, nada, deixou destruir tudo. Mas, agora, os indígenas disseram que iam retomar”, explica.
Segundo Neidinha, que lidera a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, a ação foi, em parte, motivada pelas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips, assassinados no início de junho, enquanto faziam uma expedição a trabalho no Amazonas.
“Esse caso deve ter dado uma acordada no pessoal, que viu que não dava pra ficar em berço esplêndido esperando a boiada passar”, disse.
Ainda não há data para uma possível reativação do local.
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