Manaus, AM — Densidade populacional e facilidade de acesso contribuem para a ocorrência de atividades ilegais em unidades de conservação da Amazônia. A conclusão está em um estudo, em que foram analisados registros do uso ilegal de recursos naturais ao longo de seis anos, na região.
A pesquisa, publicada esta semana no jornal científico de acesso aberto Peer J, foi liderada pelo biólogo Érico Kauano, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e atualmente fazendo o doutorado na Universidade Federal do Amapá (Unifap).
Análises estatísticas foram utilizadas para compreender quais fatores podem influenciar em ilegalidades nas unidades de conservação. Além da densidade populacional e facilidade de acesso proporcionada por estradas ou rios navegáveis, foram considerados também a categoria, de uso sustentável ou de proteção integral, e tempo de criação.
O analista ambiental admite que o estudo ainda deixou uma dúvida: o maior número de ocorrência em unidades mais acessíveis se dá devido a intensidade maior de ilegalidades ou devido justamente à facilidade maior na fiscalização. Mas para ele, o estudo é importante pois pode ajudar no planejamento de ações do ICMBio.
“É mais uma forma de mostrar o que acontece no nosso dia a dia”, afirma. “Temos problemas em todas unidades, mas tem pouca gente e poucos recursos. Essa questão da densidade e acessibilidade ajuda a ver indicadores mais importantes para escolher as áreas a serem fiscalizadas”.
Entre as 4.243 notificações encontradas entre 2010 e 2015, que resultaram em US$ 224,6 milhões (mais de R$ 700 milhões) em multas, foram identificados 27 modos de uso ilegal em unidades de conservação da Amazônia. O desmatamento, com supressão ou degradação da vegetação, foi a ilegalidade com maior número de registros, 37,36% das ocorrências. Em seguida, vem a pesca ilegal (27,34%) e a caça (18,15%).
“Nas reservas de desenvolvimento sustentável, tem menos pesca ilegal”, destaca Kauano. “Isso é interessante no sentido de que pode ser que as comunidades tenham um efeito de proteção. Mas é uma constatação bastante preliminar”, completa.
Saiba Mais
Leia Também
Amazônia: em 4 anos, desmatamento em Unidades de Conservação quase dobra
Reduzir UCs no Amazonas é ruim para o Brasil, afirma Sarney Filho
Leia também
Reduzir UCs no Amazonas é ruim para o Brasil, afirma Sarney Filho
Ministro esteve em Manaus, primeira parada de caravana que faz pelos estados da Amazônia, e criticou proposta de reduzir áreas de Unidades de Conservação criadas por Dilma →
Amazônia: em 4 anos, desmatamento em Unidades de Conservação quase dobra
Estudo da ONG Imazon aponta o aumento e lista as áreas mais críticas, que se concentram em UCs de uso sustentável. Pará e Rondônia lideram ranking →
Ameaças a áreas protegidas na Amazônia
Levantamento feito por pesquisadores do Imazon sobre propostas para alterar parques e terras indígenas revela que 49 mil Km2 já perderam proteção legal. →