A Suprema Corte da Índia determinou uma investigação sobre o zoológico privado Vantara, de Anant Ambani, filho do bilionário Mukesh Ambani, apontado como o mais rico da Ásia. A decisão foi provocada por denúncias de importação irregular de animais e possíveis violações de leis ambientais e financeiras.
Para apurar as acusações, foram nomeados juízes aposentados, que investigarão até a viabilidade de se manter espécies mundiais no clima árido da região. Um relatório precisa ser entregue por eles até 12 de setembro deste ano.
Em uma nota, o Vantara declarou estar comprometido com transparência, compaixão e cumprimento da lei. A instituição prometeu também cooperar integralmente com a investigação, informou o jornal britânico The Guardian.
Localizado em Gujarat, o megazoo se apresenta como o maior centro de resgate de vida selvagem do mundo, mas opera sem acesso ao público e com pouca transparência sobre a fonte dos espécimes que mantém.
Investigações jornalísticas indicam que até 150 mil animais foram enviados ao Vantara, muitos desde países como Emirados Árabes Unidos, Venezuela, Malásia e Indonésia. As suspeitas de tráfico vieram justamente da escala inédita e do sigilo em torno das transferências globais.
Desde o Brasil, ((o))eco já destacou que o centro recebeu inclusive ararinhas-azuis e araras-de-lear. Criticamente ameaçadas de extinção, as espécies são endêmicas do interior da Bahia, mas foram transferidas de um criador na Alemanha para o zoológico indiano.
Embora a operação tenha sido considerada não comercial, teria ocorrido sem autorização do governo brasileiro, ferindo normas internacionais de conservação. O episódio gerou uma crise diplomática e fez o Brasil pedir a repatriação das aves, o que ainda não ocorreu.
A polêmica aqueceu quando o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi fotografado segurando uma ararinha-azul, durante a inauguração do complexo Vantara, em abril deste ano.
Sem uma apuração rigorosa e transparente, casos como o do Vantara podem normalizar práticas supostamente associadas ao tráfico internacional de fauna silvestre e enfraquecer acordos e ações nacionais e internacionais de conservação.
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