O bando light ocupou dunas na praia de Tramandaí (foto), ameaçando a sobrevivência dos tuco-tucos, roedores do bem que têm seu habitat no litoral. O grupo barra pesada se encarapitou no alto do Morro do Osso, parque natural em área nobre de Porto Alegre, enfrentando a ira de ambientalistas pró-parque e de especuladores pró-bolso.
Os de Tramandaí, sob o comando do cacique Vitório, fincam pé na areia em condições de higiene piores do que as do minizôo da capital gaúcha, onde os bichos têm jaulas limpas e água abundante. O objetivo é ganhar uns trocados no verão, vendendo artesanato aos turistas argentinos.
E os tuco-tucos? Se encontram algum, vai para a panela. Para abastecer as 60 bocas, a aldeia tem apenas uma mangueira com água potável. É de plástico, preta, sai da areia, roubando o líquido de alguma tubulação da cidade. Não tem torneira. Os índios dobram a mangueira para evitar o desperdício.
A presença dos índios incomoda mais por ter atraído atenção para o problema do que pelo tamanho da nova aldeia: ela é o caos num lote de 24m por 30m, onde cabem apenas 12 barracas de plástico. As ocas são abastecidas de energia por um gato, servidas de esgoto por uma cabine tipo pipi-room e de água por um tanque de plástico. O centro da aldeia tem sofás sem pernas na calçada, fogões improvisados, cães vadios e galinhas soltas, tudo emoldurado por muito lixo.
Leia também
Garimpo já ocupa quase 14 mil hectares em Unidades de Conservação na Amazônia
Em 60 dias, atividade devastou o equivalente a 462 campos de futebol em áreas protegidas da Amazônia, mostra monitoramento do Greenpeace Brasil →
As vitórias do azarão: reviravoltas na conservação do periquito cara-suja
O cara-suja, que um dia foi considerado um caso quase perdido, hoje inspira a corrida por um futuro mais promissor também para outras espécies ameaçadas →
Organizações lançam manifesto em defesa da Moratória da Soja
Documento, assinado por 66 organizações, alerta para a importância do acordo para enfrentamento da crise climática e de biodiversidade →