Ocorre, deste o último domingo (18), em Buenos Aires, o Congresso Florestal Mundial, onde um dos principais temas é a relação entre florestas e as mudanças climáticas. Existe entre as pessoas, seja de organizações não governamentais ou da iniciativa privada, um sentimento de que utilizar a conservação de matas nativas para mitigar emissões de gases de efeito estufa é uma oportunidade de conseguir mais recursos financeiros. Ou seja, há um apoio grande ao mecanismo REDD – Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal.
Isso, no entanto, não diminui a preocupação de alguns outros ambientalistas de que olhar para as florestas apenas como uma máquina de absorção de carbono traz alguns riscos ocultos. Um dos principais problemas, apontaram ontem alguns pesquisadores reunidos em painel sobre vida selvagem, é a proteção da fauna. Seja na Amazônia ou nas florestas da Bacia do Congo, a caça de animas silvestres ainda representa uma importante fonte de proteína. Uma pesquisa, por exemplo, de Christian de Fargeot, do Centro Internacional de Pesquisas Agronômicas para o Desenvolvimento (CIRAD), demonstrou que na África Central, até 20% do consumo de carne advém da caça.
Por isso, conservacionistas renomados como Jane Goodall, conhecida por seu trabalho com chipanzés, pediram ontem que as negociações sobre florestas e clima, marcadas para ocorrer em Copenhague em dezembro, considerem mecanismos que paguem não apenas pela redução de emissões, mas também a proteção da fauna, da água e outras riquezas florestais. “Não podemos falar de florestas sem considerar os seres que vivem nela e dependem dela”, disse a lendária ambientalista. (Gustavo Faleiros)
Leia também
COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas
Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados →
Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial
Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa →
Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia
Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local →