+Código Florestal: lista de quem votou “sim” ou “não”
A proposta de Viana consolida áreas previamente desmatadas ao mesmo tempo que introduz novos incentivos econômicos para o reflorestamento de áreas de preservação permanente, em especial as matas ciliares. Além disso, traz novas regras para áreas verdes em espaços urbanos incluindo um mínimo de espaço por habitante.
O projeto aprovado foi comemorado pela bancada ruralista, pois entre seus principais pontos, permite a continuação de atividades econômicas em zonas ecologicamente sensíveis. O maior benefício foi dado aos pecuaristas que poderão deixar de recuperar 44 milhões de hectares de pastagem em morros com mais de 45º e nas margens dos rios. Tanto em relação à reserva legal e às APPs fixou-se a medida de 4 módulos fiscais em todo país como base de isenção.
Votação
Viana foi elogiado por todos os deputados que pediram a palavra, que reafirmaram durante toda a discussão que o Código votado era é um fato positivo para a legislação ambiental do país. A queda do desmatamento foi citada mais de uma vez como um fato que corroborava a tese de que o novo Código Florestal vai possibilitar a harmonia entre produção e conservação. Blairo Maggi (PR-MT) e Kátia Abreu (PSD-TO) enalteceram a redução na taxa oficial. “É o menor desmatamento em 24 anos”, repetiu 3 vezes a senadora.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, compareceu no plenário durante a votação e recebeu elogios como uma das principais arquitetas do acordo entre governo e maioria no Senado.
Em discurso na tribuna, Viana disse que seu relatório foi feito em colaboração com diversos senadores. Mas destacou a participação do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB), ex-governador de Santa Catarina, que em sua gestão aprovou um código estadual até hoje contestado no Supremo Tribunal Federal.
“Eu aprendi a lidar com a questão ambiental com Chico Mendes. Chico Mendes ao contrário do que muitos pensam não era um radical, era um exímio negociador. Foi no Acre que surgiu a primeira reserva que uniu produção com conservação”, disse Viana, que continuou em discurso inflamado: “Esse novo Código Florestal vai fazer o Brasil passar a contabilizar o quanto de floresta está sendo recuperada no ano”. Em outro momento garantiu que o projeto “não dá trela para à ilegalidade.”
Mas não foi bem isso que entendeu a solitária oposição do PSOL. Durante a votação, a senadora Marinor Brito, do PSOL do Pará, acusou a proposta aprovada de incentivar o “desmatamento desenfreado”. Seu colega de partido, Randolfe Rodrigues, do Amapá, disse que admitia a derrota, mas acusou o Senado de produzir um “falso consenso”.
Apesar da ser o PSOL o único partido a orientar contra a aprovação, 7 senadores de partidos variados votaram contra (veja a lista). O senador Marcelo Crivella (PRB/RJ) seu discurso mencionou a flexibilização para ocupação de APPs como fator negativo para populações sob risco nas cidades. Lindembergh Faria (PT-RJ) criticou a medida de 4 módulos fiscais e a permissão para recomposição de matas através de compensações em outros biomas.
Emenda do desmatamento zero
Muitas emendas que alteravam o texto da Câmara, relatado por Aldo Rebelo e considerado permissivo, não foram aceitas por Viana, que alegou desrespeito ao regimento da Senado. Apenas quatro delas foram levadas à discussão.
O senador Randolfe Rodriguez conseguiu derrubar proposta de Romero Jucá (PMDB-RR) que facilitava a redução das reservas legais em estados com mais de 65% de unidades de conservação. Segundo Rodriguez isso apenas prejudicaria o Amapá, o único estado com percentual superior aos 65% em todo país.
A emenda que de fato foi consenso entre senadores foi a apresentada por Valdir Raupp (PMDB-RO) e criou o prazo de 10 anos para moratória de novos desmatamentos. Sejam legais ou ilegais.
Mas os senadores rejeitaram proposta de Demóstenes Torres (DEM-GO) de aumentar as penas para aqueles que desrespeitem as novas regras.
Leia também
Entrando no Clima#37- Brasil é escolhido como mediador nas negociações
Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, que realiza a reunião final do G20 na segunda e terça-feira (18 e 19), mas isso não ofuscou sua importância na COP29. O país foi escolhido pela presidência da Cúpula do Clima para ajudar a destravar as agendas que têm sido discutidas na capital do Azerbaijão, →
G20: ativistas pressionam por taxação dos super ricos em prol do clima
Organizada pelo grupo britânico Glasgow Actions Team, mensagens voltadas aos líderes mundiais presentes na reunião do G20 serão projetadas pelo Rio a partir da noite desta segunda →
Mirando o desmatamento zero, Brasil avança em novo fundo de preservação
Na COP29, coalizão de países com grandes porções florestais dá mais um passo na formulação de entendimento comum sobre o que querem para o futuro →