Não bastando o Brasil ser líder mundial em consumo de agrotóxicos e contaminar os alimentos que chegam diariamente à mesa da população, agora planeja-se envenenar as águas. Na pauta do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), figura uma proposta para regular pesquisa, registro, venda e uso de agrotóxicos e produtos semelhantes em ambientes aquáticos. Uma versão prévia de resolução pode ser conferida aqui. Mas afinal, por que jogar venenos na água? Essa é a saída pensada por governistas para conter a proliferação de cracas, mexilhões-dourados, algas e outras plantas em reservatórios para abastecimento público e geração de energia. Afinal, quando os problemas são empurrados com a barriga, eles crescem e surgem soluções drásticas para os mesmos.
Para o professor Marcelo Pompêo, do Departamento de Ecologia da USP, deveriam ser avaliadas antes opções menos agressivas à natureza, deixando os agrotóxicos como última alternativa e impedindo seu uso, pelo menos, em mananciais voltados ao abastecimento público. “Há alternativas antes do uso de venenos, como a coleta manual ou mecânica (de organismos que se proliferam em reservatórios) e programas eficientes de monitoramento, baseados no conhecimento dos usos e da dinâmica de ocupação das bacias hidrográficas”, disse.
Leia também
Gás natural que será exportado ao Brasil viola direitos indígenas na Argentina
MME assinou memorando para viabilizar importação de gás extraído em Vaca Muerta e responsável por problemas ambientais e de saúde em região habitada pelo povo Mapuche →
Brasil quer colocar Oceano em destaque no Tratado de Plásticos
Países se reúnem a partir desta segunda-feira para última rodada de negociações do acordo para combater a poluição plástica no planeta →
Entrando no Clima #42 | Texto final da COP 29 frustra em todos os pontos
A 29ª Conferência do Clima chegou ao seu último dia, sem vislumbres de que ela vai, de fato, acabar. →