Brasília – Adiado por mais uma semana o calvário do Código Florestal brasileiro. O relatório apresentado por Aldo Rebelo foi debatido nesta terça e terá sua votação bem como o debate do texto final feita na próxima semana. Definida por Moacir Micheletto, presidente da Comissão Especial, a votação do relatório “mutante” fica para os dias 5 e 6 de julho no auditório 2 do anexo II da Câmara.
Os elogios ao “alto grau de racionalidade” do Deputado do PC do B paulista Aldo Rebelo em seu relatório foram predominantes. Já ele próprio estava visivelmente desconfortável com os elogios abundantes que recebeu dos ruralistas.
Na abertura, Aldo deixou claro que está fazendo modificações no texto para atender aos dois critérios eleitos por ele como fundamentais. Consolidar a área plantada do país e preservar a natureza. Ficou fácil perceber que a “anistia” foi o pacto de sangue que uniu o comunista aos ruralistas. Mas na verdade nem eles sabem direito o que diz o tal relatório.
Segundo Nilo D’ávila do Greenpeace, Aldo Rebelo conseguiu desagradar a todos, ruralistas e ambientalistas, mas seu relatório acaba servindo como base para inclusão de emendas no plenário sem o debate sobre as suas consequências específicas. Na análise feita pelo Ministério do Meio Ambiente e criticada por Aldo, serão 80 milhões de hectares de vegetação que poderão ser destruídos caso o relatório vire lei.
Mesmo negando que o aumento das derrubadas possa ocorrer, o senador Valdir Raupp do PMDB de Rondônia discordou com a proposta do relatório de Aldo que propõe o desmatamento zero . “Como se pode sobreviver na Amazônia sem cortar mais nenhuma árvore?”, perguntou. Servidores da área ambiental, em greve até semana passada, mostraram cartões vermelhos para a plenária quando discordavam da fala de algum membro do legislativo. Foram chamados de “paus-mandados”das ONG’s internacionais pelos deputados raivosos. Técnicos ambientais que são, puderam ainda dar boas risadas quando Aldo pediu que os órgãos ambientais protejam as árvores exóticas de mangueira e jaqueira que estão entrando em extinção no Nordeste por não haver lei que as proteja.
Foi a melhor contradição de um dia com muitas delas. O deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR), ex-ministro da Agricultura chegou ao final da sessão para uma conversa informal com o deputado Paulo Piau do PMDB mineiro onde acabou soltando que o relatório de Aldo é ainda mais pró-ruralista do que o que ele próprio havia proposto. Segundo ele é necessário algumas alterações para o lado dos ambientalistas pois como está vai além do que os ruralistas precisam.(Gustavo Vieira)
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