A fazenda Rio Negro, terreno de importância estratégica para a Convenção de Ramsar de Áreas Úmidas e controlado pela Conservação Internacional desde 1999, tem, desde o início de outubro, um novo dono: a Agropecuária Santana do Deserto. A ONG decidiu se desfazer da propriedade de oito mil hectares, localizada no município de Aquidauana, a 250 km de Campo Grande (MS), com o intuito de levantar recursos para ampliar a escala de atuação no pantanal sul-matogrossense.
A partir de agora, as parcerias da CI com governos estaduais e organizações locais devem aumentar, sempre na direção de criar unidades de conservação, reduzir o desmatamento e proteger a biodiversidade e demais serviços ambientais. Em comunicado oficial, Fabio Scarano, diretor-executivo da entidade no Brasil, disse que nos últimos dez anos a fazenda teve “ projetos de proteção de espécies ameaçadas, atividades de pesquisa, (…) e manutenção dos processos ecológicos da região da Nhecolândia”.
Segundo ele, porém, a venda do terreno foi condicionada à perpetuação do trabalho de apoio ao meio ambiente. Um dos termos assegurados no contrato é a continuidade da preservação dos 90% da fazenda reconhecidos como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). A CI também continuará com as pesquisas no interior da Rio Negro. Em entrevista para O Eco, Iuri Rapoport, executivo da Santana do Deserto, confirmou a informação. “A ideia é preservar e permitir à CI que crie, com os recursos da venda, áreas similares”, finaliza.
Leia também
ONU espera ter programa de trabalho conjunto entre clima e biodiversidade até COP30
Em entrevista a ((o))eco, secretária executiva da Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU fala sobre intersecção entre agendas para manter o 1,5ºC →
Livro revela como a grilagem e a ditadura militar tentaram se apoderar da Amazônia
Jornalista Claudio Angelo traz bastidores do Ministério do Meio Ambiente para atestar como a política influencia no cotidiano das florestas →
MPF afirma que Pará faz propaganda “irresponsável” de ações contra queimadas
Procuradoria da República no estado apontou “discrepância entre o discurso e a prática”; procuradores pediram informações a autoridades estaduais e federais →